Ações de maior liquidez têm melhor desempenho na crise
14/04/08
São Paulo, 14 de Abril de 2008 – Em cenário de alta volatilidade nos mercados e aumento da aversão ao risco, os papéis com maior liquidez, principalmente ligados às commodities, têm apresentado melhor desempenho. Segundo levantamento da consultoria Economática, desde o início da crise no mercado imobiliário subprime nos Estados Unidos, em julho de 2007, até o primeiro trimestre deste ano, as ações que apresentaram melhor desempenho foram a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Petrobras, Telemar, Arcelor Mittal, Usiminas, Vale e Eletropaulo. De acordo com o analista da Win, Fausto Gouveia, a valorização das ações blue chips, com maior negociação em bolsa, está atrelada ao movimento dos investidores estrangeiros. `No momento de crise, os investidores vendem as ações de segunda linha, que têm baixa liquidez. Quando o mercado melhora, eles preferem voltar para os papéis mais líquidos`, afirma. A ação da CSN ON apresentou o melhor desempenho no período, acumulando alta de 76,14%, enquanto a valorização do Ibovespa foi de 11,72%. A corretora Ágora está com recomendação de compra para o papel, que faz parte de sua carteira recomendada, com preço-alvo de R$ 83,61, potencial de valorização de 22,6 % em relação ao fechamento da última sexta-feira. A siderúrgica tem apresentado crescimento das receitas com o aquecimento do mercado interno, sobretudo no setor automobilístico. Além disso, a companhia deve ter pouco impacto com o reajuste do preço do minério de ferro, com o aumento da produção da mina Casa de Pedra. É o caso também da Usiminas PNA, que apresentou a sétima melhor valorização dentro do índice no período analisado, com alta de 33,14%. Segundo Gouveia, os papéis da empresa têm se valorizado após a aquisição da J. Mendes, passando a contar com quatro minas do grupo. `Essa operação trará maior controle no abastecimento de minério de ferro, além de possibilitar exportar a sobra do produto para o mercado externo`, afirma Gouveia. A Win está com recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$125, potencial de valorização de 18,49%. A corretora disponibiliza em seu site sua carteira recomendada, voltada para os investidores pessoas físicas. Gouveia ressalta que o setor de commodities, que responde por 40% da bolsa brasileira, deve continuar forte neste ano. `Principalmente os metais não cotados em bolsa, como o minério de ferro, já têm o reajuste de preço garantido para este ano`, diz. Por isso, a maioria das corretoras mantém os papéis da Petrobras e da Vale em sua carteira recomendada. O reajuste negociado pela Vale, de 65% no preço do minério de ferro, impulsionou a alta dos papéis da companhia, que subiram 31,20% no caso das ações ON, e 29,21% no caso das PNAs, que apresentam, segundo a Win, potencial de valorização de 15,77% neste ano. Já as ações da Petrobras ON, que apresentaram valorização de 49,85% no período analisado, devem ter uma alta menor este ano, pressionada pelo não repasse da elevação do preço do petróleo para o mercado doméstico, que deve impactar o lucro da empresa. `No entanto, a alta do preço do petróleo pode beneficiar a companhia ao tornar viável a exploração em águas profundas`, diz Gouveia. No entanto, o chefe do departamento de análise da CMA, Luiz Francisco Rogé , ressalta que por serem mais líquidas essas ações também apresentam maior volatilidade. `O investidor tem que analisar o momento certo para investir nos papéis da Vale e da Petrobras, pois no curto prazo essas ações podem não ser uma boa opção`, afirma. Por outro lado, os papéis do setor de aviação foram os que mais sofreram no período. Segundo Rogé, isso está mais ligado aos problemas do setor aéreo no mercado interno, do que com a crise internacional. As ações da Gol PN apresentaram a maior queda no período de 42,95%, e as da TAM PN acumularam baixa de 33,73%. Para ele, o aumento do preço dos combustíveis deve elevar os custos para as companhias aéreas. Já no caso dos papéis da Net PN, que acumularam baixa de 37,97% no período, o maior impacto foi, segundo Rogé, o aumento da concorrência no setor.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 1)(Silvia Rosa)
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