A montanha de ferro
13/10/10
Carajás dever duplicar sua capacidade de produção até 2015. A mina da Vale no meio da selva Amazônica é responsável por fazer de Parauapebas, no Pará, o segundo maior município exportador do Brasil.
Parauapebas, Pará ? Uma montanha de ferro no meio da selva amazônica. Essa é a melhor definição para a Serra dos Carajás, no sudeste do Pará, onde a mineradora Vale opera a maior mina a céu aberto do mundo. É uma terra de superlativos, onde escavadeiras e caminhões gigantes tiram centenas de milhares de toneladas de minério todos os dias.
Esse é o cenário que a reportagem da ANBA visitou nesta quarta-feira (06), como parte da Jornada E.torQ Amazônia, viagem de carro de São Paulo ao Pará organizada pela Associação dos Correspondentes Estrangeiros com patrocínio da Fiat, Goodyear e Tesacom.
A mina produz 100 milhões de toneladas de minério de ferro por ano para abastecer principalmente os mercados internacionais, especialmente a China, mas tem capacidade para 120 milhões. Só para se ter uma ideia, trata-se de cerca de um terço da produção anual da companhia, segunda maior mineradora do mundo e a maior em minério de ferro.
?E isso representa apenas 2,5% da área de preservação da Floresta Nacional dos Carajás?, disse o gerente-geral de mineração das minas de Carajás, Fernando Carneiro.
E o que já é grande será maior ainda. Projetos em implantação vão ampliar a capacidade de produção para 150 milhões de toneladas até 2013 e, a partir de 2015, a expectativa é adicionar mais 90 milhões, elevando o total para 240 milhões, ou seja, o dobro do atual.
A mina é um imenso buraco cavado a partir do topo da montanha a partir da ?canga?, no jargão dos geólogos, área de vegetação mais esparsa e rasteira no meio da floresta onde há afloramento da rocha que contém o minério. A descoberta da jazida foi feita pelo geólogo Breno Augusto dos Santos, em 1967, durante um sobrevôo de helicóptero na região que contou com um pouso em um dos pontos hoje explorados pela Vale.
Lá mesmo o minério extraído é tratado em uma usina, que produz 300 mil toneladas de minério por dia. Da rocha extraída pelo uso de explosivos derivam três tipos de produtos: o ?sinter-feed?, pequenos pedaços de minério considerados o item de maior valor do negócio, que é utilizado diretamente nos altos fornos das siderúrgicas; o ?granulado?, pedaços de rochas mais grosseiros usados pelas usinas de ferro gusa; e o ?pellet feed?, subproduto fino, quase um pó, que é enviado para as usinas de pelotização para depois serem transformados nas siderúrgicas.
A produção da mina é embarcada nos trens da Estrada de Ferro Carajás, que liga o local a São Luís, no Maranhão. São 892 quilômetros de vias que passam por 23 cidades. A Vale opera 10 composições por dia na ferrovia, que têm, cada uma, 330 vagões, quatro locomotivas e uma carga de 33 mil toneladas de minério, além de um comboio de passageiros com capacidade para 1,3 mil pessoas que vai para a capital maranhense num dia e volta no outro, exceto às quartas-feiras.
Grande exportador
A instalação do complexo de Carajás, que começou a produzir em 1985, levou à construção do Núcleo Carajás, onde moram parte dos 6 mil funcionários que trabalham no local, além de induzir à criação de Parauapebas, inicialmente um povoado e hoje um município de quase 153 mil habitantes, ante 53 mil em 1991, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A cidade tem o impressionante PIB per capita de R$ 23 mil e é, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o segundo maior município exportador do Brasil em receitas. De janeiro a agosto, a cidade vendeu ao exterior US$ 4,17 bilhões, atrás apenas de Angra dos Reis, por onde é escoada parte do petróleo produzido na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, e à frente de São Paulo, maior e mais rica cidade do país.
O minério é responsável por esse valor e também por empregos para a população local. A Vale emprega hoje os filhos dos trabalhadores que migraram para a região na década de 80 em busca de oportunidades.
É o caso de jovem Ádila de Oliveira Santos, de 24 anos, que opera um dos 105 megacaminhões fora de estrada utilizados na mina, no caso uma máquina da Caterpillar. A jovem sorridente e bem arrumada pode parecer fora de lugar conduzindo um monstro de 6,5 metros de altura que carrega 240 toneladas de carga, mas diz que é mais fácil do que dirigir um carro.
?[O caminhão] não tem embreagem, então é mais fácil, é quase tudo automático?, disse. Não tão fácil assim, conforme a reportagem pode comprovar no simulador onde a Vale treina os motoristas de tais veículos. ?Tem que ser bom de baliza?, acrescentou ela, que é filha de pai pernambucano e mãe cearense, que vieram para o Pará na década de 80 em busca de empregos.
Ádila participou do Programa Aprendiz, uma parceria entre a Vale e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que capacita jovens locais para o trabalho na indústria.
Agência de Notícias Brasil Árabe