A dupla que não para de comprar empresas
20/08/07
À frente do GP, Fersen Lambranho se tornou o maior caçador de negócios no País e, com o sócio Antônio Bonchristiano, investiu bilhões para entrar nos setores de petróleo e mineração – o que é só o começo Há um novo protagonista na cena empresarial brasileira. É um sujeito grandalhão, faixa preta de judô e que, com apenas 42 anos, se tornou o grande caçador de negócios no País. Seu nome, Fersen Lambranho. À frente do GP, uma casa que administra bilhões em fundos de private equity, aqueles voltados para compra de posições de controle em empresas, ele exibiu sua força na semana passada. Num dia, sacou US$ 1 bilhão e adquiriu as operações da empresa Pride, especializada em prospecção de petróleo, na América Latina. “O Brasil ficou pequeno”, disse Fersen a amigos, logo após concluir a aquisição, que foi a primeira do GP fora do País. Mas em vez de simplesmente festejar e estourar o champanhe, ele tomou um avião e seguiu para Belo Horizonte, a capital mineira, onde estava perto de fechar outro negócio: a compra da Magnesita, uma das principais fornecedoras das indústrias siderúrgicas, por R$ 1,24 bilhão. Em menos de três dias, eram duas operações que somavam R$ 3 bilhões e colocavam o GP em negócios que vêm “bombando” nos últimos anos: mineração e petróleo. Se isso não bastasse, Fersen também já controla a empresa BR Malls, que, após 19 aquisições em seis meses, quase uma por semana, se tornou a maior administradora de shoppings do País, à frente de grupos tradicionais como Iguatemi e Multiplan. Aonde ele vai parar ninguém sabe. Mas o fato é que seu faro e seu apetite parecem inesgotáveis. Fersen se tornou um dos ases do novo capitalismo brasileiro, mas poucas pessoas o conhecem a fundo, a não ser os amigos da infância carioca, com quem ele se abre. Fora desse círculo, o sócio do GP leva uma vida social espartana, vive dedicado à família e seu único vício é a leitura. Devorador de biografias empresariais, ele tem como livro de cabeceira O Último Titã, que narra a história de Percival Farquhar (1864- 1953), um empresário que, no seu tempo, foi o maior concessionário de serviços públicos no Brasil, investindo em bondes, empresas de energia e ferrovias, como a famosa “Mad Maria”, a Madeira- Mamoré. Fersen, de certa forma, segue os passos de Farquhar e o GP também colocou seu dinheiro em empresas de energia, como a Equatorial, que controla a maranhense Cemar, de ferrovias, como a ALL, e em outras concessões, como é o caso da operadora de telefonia Oi, que é a maior do País. A diferença é que, ao contrário de Farquhar, que quebrou e foi perseguido por governos, o GP só fez prosperar. Em dólar, os fundos geridos pela equipe de Fersen têm tido rentabilidade de 25% ao ano. Na terça-feira 14, ao divulgar seus resultados, o GP, que foi criado pelos lendários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, todos já fora do negócio, publicou um lucro de US$ 94,3 milhões no semestre. Numa assembléia em Londres, em maio deste ano, Fersen assumiu a presidência e selou seu comando à frente de um grupo que hoje já vale US$ 1,2 bilhão. Os bons resultados do grupo, hoje na segunda geração, podem ser explicados por um traço de Fersen: a obsessão por eficiência. E isso, se tem sido bom para quem investe no GP, também rendeu ao empresário a fama de “carrasco” nas empresas onde imprimiu seu modelo de gestão. “Ele é um cara que jamais se intimida e que tem peito para fazer tudo aquilo que é necessário fazer”, disse à DINHEIRO um ex-sócio do GP. Um exemplo disso ocorreu no fim de 2004, quando Fersen assumiu o conselho da Telemar, que estava em processo de fusão com a Oi. Em decorrência disso, 70 gerentes e diretores seriam exonerados. Fersen não quis perder tempo e autorizou o então presidente da operadora, Ronaldo Iabrudi, a demitir todos no dia 23 de dezembro, a apenas dois dias do Natal. Foi traumático, mas é assim, fazendo o mal de uma só vez e o bem aos pedaços, como ensina Maquiavel, que Fersen trabalha. Ao que tudo indica, isso também deve acontecer na jóia mais recente da coroa. A informação ainda não é pública, mas DINHEIRO apurou que o executivo Ronaldo Iabrudi, que foi o braço direito de Fersen na ALL e demitiu milhares de pessoas por lá, será presidente da Magnesita. Sinal de que ajustes profundos – e imediatos – serão feitos numa empresa que tinha como acionistas controladores uma tradicional família mineira, os Pentagna Guimarães, e o ex-governador Newton Cardoso, do PMDB. Estima- se que “Newtão”, como é conhecido o político mineiro, tenha recebido cerca de R$ 150 milhões no negócio.
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