100+ Inovadoras: nos lugares mais remotos
03/11/08
Indústria com tradição em gestão de projetos coloca inovação na linha do negócio
Categoria siderurgia, metalurgia e mineração
O slogan de ?pensar fora da caixa?, usado para ilustrar o sentido de As 100+ Inovadoras em TI, pode parecer estranho para quem está acostumado a refletir sobre as dimensões de cidades. Pelo menos, na perspectiva dos executivos das indústrias do ramo de siderurgia, metalurgia e mineração, habituados a lidar com projetos grandiosos que revolvem as profundezas da terra usando maquinaria pesada.
O foco da Alcoa no Brasil, neste ano de 2008, concentrou-se na nova mina de bauxita em Juriti, no oeste do Pará. Trata-se de um município encravado na região amazônica, de apenas 34 mil habitantes espalhados em comunidades rurais. Um dos desafios da TI liderada por Tania Nossa, que acumula ainda a gerência geral da área de serviços compartilhados da Alcoa na América Latina e Caribe, foi manter a conectividade neste remoto local.
A companhia trabalha sob o conceito de disponibilidade de comunicação total, inspirado no ?mundo plano? de Thomas Friedman (O Mundo é Plano. Thomas Friedman, editora Objetiva). Neste contexto, a empresa conquistou a segunda colocação na categoria e a 32ª no geral do prêmio.
Com a previsão de início das operações de Juriti ainda neste ano, Tania conta que o número de pessoas trabalhando na obra, iniciada em 2006, cresceu para quase sete mil, entre funcionários da própria Alcoa e terceirizados. ?Considerando a localização e as condições ínfimas de infra-estrutura da região, tínhamos de conectar a tecnologia de ponta da empresa em uma cidade completamente remota?, relata Tania.
A saída para manter os padrões necessários da empresa foi recorrer à tecnologia via satélite para transmissão de dados e rede IP para voz. ?Temos aparelhos com linhas digitais que saem por São Paulo, porque não existe telefonia fixa no site da Alcoa, na cidade ou nas redondezas?, conta Tania, acrescentando que o envolvimento da empresa alcança a construção até mesmo de escolas e hospitais na região.
Para a executiva, a infra-estrutura de telecomunicações ganhou cunho inclusive social: a única forma de comunicação com o mundo exterior para os profissionais que estão na mina são os ramais digitais. A questão rendeu dimensões mais amplas, a ponto de a própria Alcoa, estar negociando a chegada das operadoras de telefonia fixa e móvel na região.
Como se não fosse pouco, Tania dedica-se ainda a reuniões estratégicas que pensam os próximos passos da empresa, incluindo um amplo leque de projetos típicos do back office, que deve estar sempre reluzindo modernidade.
Entram nesta conta atualizações no ERP, migração de sistema operacional, atenção a requerimentos legais como o Sped, até um vislumbre do que está por amadurecer, como computação em nuvem. E tudo atrelado a uma visão de negócios que permeia toda a estrutura da companhia. ?O maior desafio neste momento é a crise financeira. Como a empresa é norte-americana, estamos atentos às movimentações do mercado?, salienta.
Gestão de programas versus inovaçãoA categoria obteve sua nota mais alta em gestão de programas: a aderência e a estruturação chegam a 80% das empresas dessa indústria, caindo para 70% quando se considera a amostra geral. Por outro lado, o segmento apresentou um desempenho inferior ao da média em processos de inovação, apontando para uma diluição da atividade inovadora no decorrer do processo diário.
Seja pelo programa Campo de Idéias ou pela metodologia Lean Seis Sigma, a Samarco representa a típica indústria de mineração que alia solidez em gestão com inovação e competitividade. A empresa focada em pelotização de minérios de baixo teor, controlada pela Vale e BHP Billiton, ficou em terceiro lugar na categoria e 53º no geral.
Para Marcelo Siffert Torres, principal executivo de TI da Samarco, há a expectativa na empresa de que o valor da área passe por inovação. ?E aí é preciso ter cuidado para manter o foco no negócio, ganho de eficiência e apresentar o que é aplicável?, pondera. No balanço destas abordagens, ele enxerga um saldo positivo: ?Existe motivação para que a TI seja inovadora.?
Torres considera que a TI não apenas suporta as operações corporativas, como está inserida no ganho de controle de produção, eficiência e melhoria de processos ? por exemplo, ao oferecer um conjunto de informações para a tomada de decisões, além de manter a conexão com o crescimento da companhia.
A Samarco passa por um ciclo de expansão comum a seu segmento de atuação. Aumentou em 54% a produção em 2008, com ganho de 80% no preço de seu produto, a pelota. No meio do caminho, houve também a construção de uma nova planta. ?Tudo isto teve implicações muito grandes em TI, como um projeto de passagem de 400 km de fibra óptica para ligar a mina em Minas Gerais até a usina no Espírito Santo, com investimentos de R$ 8 milhões.?
Assim, ao garantir a infra-estrutura de comunicação, a TI proporciona ao negócio as condições de gestão. Outro exemplo é o Samarco Digital, baseado em conceitos e práticas de colaboração, com recursos de redes sociais, wiki, blog e todo o ferramental da Web 2.0, previsto para ser entregue em 2009. O alcance da iniciativa deve ultrapassar os limites da companhia para conectar também a cadeia de suprimentos e fornecedores. Porque, afinal de contas, mineração envolve muito mais que cavar buracos.
It Web