Anglo American fecha contrato para Barro Alto
22/11/06
Maurício Capela
22/11/2006
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A multinacional de capital britânico e sul-africano Anglo American decidiu garantir o fornecimento de energia para seu novo projeto de ferro-níquel no Brasil. Disposta a não correr riscos, o grupo firmou uma parceria com a comercializadora brasileira de energia Enecel, que viabilizou um leilão de compra do insumo no dia 14 deste mês. E o resultado foi um contrato de onze anos e preço de meta assegurado, cujo valor é mantido em sigilo.
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No acordo, que inicia em 2010, quando será inaugurada a unidade de ferro-níquel em Barro Alto (GO), foi fixada a compra de mais de 15 milhões de megawatts/hora (MWh). O negócio deve girar ao redor de R$ 1,7 bilhão.
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Raimundo Batista, diretor da Enecel, explica que o leilão não aconteceu do dia para noite. Foi ao redor de um ano de preparação, sendo que coube a Enecel montar o pregão e encontrar potenciais fornecedores, entre outras tarefas. “Foi um leilão ao contrário, onde venceu quem ofereceu o menor preço”, conta Batista.
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Quem venceu? Isso, ninguém sabe por força contratual. Mas o que se tem certeza é que foi uma das grandes geradoras do país, mesmo porque poucas empresas teriam à disposição uma carga de 160 megawatts (MW) médios.
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Segundo o executivo, o nome do fornecedor do insumo ainda não foi revelado porque o contrato ainda não está assinado. “Há uma minuta pronta e o acordo deverá estar legalmente sacramentado em breve”, afirma Batista.
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A assessoria de imprensa da Anglo American no Brasil informou que o contrato de energia, assim como o projeto de Barro Alto, ainda dependem de um sinal verde do conselho de administração. E isso, informa, deverá acontecer ainda em dezembro. Orçado em US$ 1 bilhão, o empreendimento terá capacidade para produzir 40 mil toneladas por ano de ferro-níquel.
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Para a Enecel, o acordo com a multinacional fortalece sua atuação no setor. Isso, porque a empresa decidiu não atuar apenas na comercialização do insumo, mas também atuar como consultora e gestora neste segmento.
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Fundada em 1988, a companhia nasceu inicialmente com a meta de ajudar as indústrias interessadas a serem auto-produtoras de energia. Apesar de não revelar seu faturamento total, o diretor da Enecel conta que só com o negócio de gestão e de consultoria vai obter uma receita de R$ 4,5 milhões neste ano e prevê ao redor de R$ 10 milhões para 2007.
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“Nossa previsão é que aumentaremos nossa receita e nosso volume no segmento de comercialização em 100% entre 2007 e 2006”, afirma Batista. Neste ano, a empresa deverá alcançar uma média de negociação entre 20 MW e 25 MW médios.
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No Brasil, estima-se que a comercialização independente de energia movimente R$ 5,8 bilhões por ano, sem contar os custos com fios, encargos e impostos. A cifra corresponde a 20% dos R$ 29 bilhões que se estima para o mercado total.
Valor Econômico