CSN diz que compra da Corus não afeta seu caixa
20/11/06
O financiamento para a aquisição da siderúrgica européia terá como garantia a receita da própria Corus
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Patrícia Cançado
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A oferta da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) pela Corus deixou o mercado financeiro inquieto. A grande dúvida era saber se a siderúrgica teria condições de bancar o pagamento de US$ 8 bilhões sem se endividar demais. A CSN informou ontem que montou um esquema financeiro para realizar a operação sem comprometer o caixa e os ativos da companhia no Brasil, nem elevar muito o endividamento da empresa.
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Segundo o diretor de relações com investidores da CSN, José Marcos Treiger, os credores da nova linha de financiamento – Goldman Sachs, BNP Paribas e Barclays – terão como garantia apenas o fluxo de caixa do grupo anglo-holandês.
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A companhia comandada por Benjamin Steinbruch, conhecido por ser um empresário ousado, garante que não haverá aumento significativo do Lajida (capacidade de geração de caixa) em relação à dívida líquida. “Os níveis de alavancagem são normais. A CSN jamais faria uma operação com uma alavancagem que não fosse conservadora”, afirma Trieger.
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De acordo com Trieger, os bancos assinaram um compromisso formal de financiar mais de 100% do que a empresa precisa para bancar a operação.
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Além do dinheiro dos bancos, a CSN pretende usar o fluxo de caixa adicional que pode ser obtido a partir da aquisição da Corus. O caixa da siderúrgica brasileira, que até 30 de setembro deste ano estava em US$ 1,4 bilhão, também deve ser incluído nessa conta.
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Na próxima segunda-feira, a CSN iniciará a avaliação das finanças da companhia (a chamada due diligence). O processo deve acabar em duas ou três semanas, segundo Steinbruch, que é o principal acionista e presidente do Conselho da CSN. “Nossa proposta é melhor que a da Tata, com todo respeito que temos pela empresa. A CSN tem muito mais complementaridade com a Corus”, afirma.
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CASA DE PEDRA
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;Steinbruch afirmou que manterá o plano de vender de 10% a 20% da mina da Casa de Pedra no mercado de ações. O dinheiro dessa operação possivelmente ajudará a pagar a aquisição da Corus. Mas o que Steinbruch diz querer de fato com isso é outra coisa: despertar no mercado um reconhecimento pelo valor da mina. “Nós atribuímos um valor perto de US$ 8 bilhões à Casa de Pedra”, diz. Segundo ele, a CSN vale hoje US$ 8 bilhões. “É um valor de mercado que se soma ao da CSN”.
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O futuro da mina da Casa de Pedra é considerado por especialistas uma questão-chave para essa operação. No mercado financeiro, as avaliações de preço variam muito, de US$ 1 bilhão a US$ 3 bilhões.
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Steinbruch diz que não pretende vender 100% da Casa de Pedra, ao contrário do que já foi especulado. “A Casa de Pedra nos dá uma vantagem comparativa enorme. A mina é estratégica para nós”, diz.
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A alienação de uma parte da mina não deve comprometer o abastecimento, de acordo com Trieger. “Podemos suprir a demanda com folga”, diz. “Nosso negócio de mineração será de pelo menos 75 milhões de toneladas de minério de ferro. A CSN e a Corus consomem hoje cerca de 40 milhões de toneladas”, completa.
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FUSÃO NOS EUA
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A mudança na direção da siderúrgica americana Wheeling-Pittsburgh, que acabou dando vantagem a proposta da distribuidora de aço Esmark, ainda não eliminou o interesse da CSN pela fusão. “A eleição dos novos diretores, na sexta-feira, favorece a proposta do nosso concorrente. Isso dificulta, sim, a nossa intenção, mas não a inviabiliza”, diz Steinbruch. “Nos próximos dias, vamos fazer alguma coisa em relação a isso. Ou não”.
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A oferta original da CSN pela Wheeling-Pittsburgh previa a criação de uma nova empresa, na qual os acionistas da siderúrgica americana teriam uma participação de 50,5% e a CSN, os 49,5% restantes. A participação da siderúrgica brasileira poderia chegar a 64%.
O Estado de São Paulo