Aço plano deve faturar mais em 2007
16/11/06
São Paulo, 16 de Novembro de 2006 – Aumento no valor do dólar e crescimento da demanda devem reverter queda esperada para 2006. O mercado de aços planos deverá apresentar recuperação em 2007. O segmento, que atualmente responde por 56,2% da capacidade produtiva do Brasil (20,55 milhões de toneladas), foi prejudicado este ano pela queda nos preços dos produtos, mas para o ano que vem, especialistas ouvidos por este jornal prevêem manutenção do cenário de crescimento da demanda interna e alta nos preços, o que deve possibilitar um crescimento anual de 8% na receita líquida do segmento, para R$ 33,4 bilhões, segundo cálculos da Lafis Consultoria.
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De acordo com o coordenador para as análises setoriais da consultoria, Bruno Leite, a previsão leva em conta um crescimento da economia brasileira de 3,7% em 2007, o que garantiria um aumento do consumo aparente de aços planos de 7% em relação a 2006, para 11,91 milhões de toneladas.
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Já o preço do aço medido por meio do Índice de Preços ao Atacado – Oferta Global (IPA OG) deve ter alta de 3% no ano que vem. “Calculamos que a taxa de câmbio deve subir 3,67%, para uma média de R$ 2,26, enquanto o preço internacional do aço deve ser mantido, com uma alta bem menor no minério de ferro, para nada além dos 10%”, explicou Leite.
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Entretanto, o crescimento da economia mundial de 4,9% para 2007, estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), garantirá a manutenção da demanda no mercado externo, o que, de acordo com as estimativas da Lafis, permitirá um crescimento de 5% no volume total de laminados planos exportados, para 4,05 milhões de toneladas, a um preço médio de exportação 1% mais alto, possibilitando que as receitas com vendas externas totalizem US$ 2,56 bilhões.
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O presidente da Usiminas e da Cosipa, Rinaldo Campos Soares, também projeta alta de 8% para os negócios de aço plano no próximo ano. Segundo o executivo, o comportamento da demanda, por produto, indica que o crescimento será alavancado principalmente pela recuperação dos volumes de chapas grossas, em função da retomada das encomendas de gasodutos pela Confab e as encomendas dos navios da Transpetro.
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A Usiminas declarou, em relatório de divulgação de resultados, que a manutenção das boas condições macroeconômicas – como elevado volume de crédito, redução da taxa de juros e estabilidade da inflação – possibilitarão um desempenho positivo do mercado de bens de consumo duráveis, com impacto nos setores automotivo, de linha branca e de equipamentos eletrônicos. Além disso, setores como o de petróleo e gás, mineração e de transportes devem ampliar investimentos, com efeitos favoráveis nos setores de tubos de grande diâmetro, equipamentos industriais, rodoviários, naval e da construção civil. Já o setor de distribuição, estimou a companhia mineira, deverá iniciar 2007 com volume de estoques mais equilibrado, permitindo que o setor acompanhe a evolução da demanda dos diversos setores da indústria que se abastecem na rede de distribuição.
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Os aços planos são direcionados principalmente aos setores de autopeças (12,4%), automobilístico (10,6%) e da construção civil (7,4%). Os distribuidores respondem por outros 25,5%, que são direcionados para indústrias como a de embalagens, tubos e eletroeletrônicos.
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Queda de 3% em 2006
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O segmento de aços planos deve fechar 2006 com uma queda de 3% na receita líquida, na comparação com o ano anterior, para R$ 30,9 bilhões, apesar do aumento da demanda interna, segundo estudo realizado pela Lafis. “Os preços internacionais de alguns tipos de planos apresentaram uma leve redução que foi potencializada no mercado interno por conta da valorização do real frente o dólar”, afirmou Leite.
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O preço dos planos não revestidos FOB Antuérpia (Bélgica), por exemplo, caíram 3,3% até setembro, ante mesmo período de 2005, disse Leite. No Brasil, o mesmo produto teve redução de 17,3% em igual comparação. Como o real teve valorização de 12,5%, a queda residual é de 1,7%. “Os produtores são obrigados a baixar preços para não serem prejudicados na competição com importadores”, disse. Segundo a Lafis, o IPA OG para ferro, aço e derivados deve fechar 2006 com queda de 6,5%. Já o preço médio de exportação deve cair 5,4% (dos planos acabados), dado o equilíbrio entre oferta e demanda no mercado internacional e a atual taxa de câmbio.
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Neste cenário, afirmou Leite, o desempenho das empresas só não será pior devido ao bom momento do mercado interno, no qual, segundo a consultoria, o consumo aparente de aços planos, incluindo placas, deve crescer cerca de 9,5% frente a 2005, totalizando 11,13 milhões de toneladas.
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Segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), somente em setembro, as vendas internas de produtos planos subiram 18,7%, para 873 mil toneladas. No acumulado em nove meses, as vendas totalizaram 10,6 milhões de toneladas, 1,3% acima do apurado em igual período de 2005. “As vendas poderiam ter sido maiores não fosse o acidente com o alto-forno da CSN no primeiro semestre”, afirmou o analista da Attiva Corretora, Guilherme Marins.
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Em janeiro, um acidente no alto-forno 3 da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tirou a unidade de operação e somente em julho a siderúrgica voltou a produzir a plena capacidade. Com isso, a empresa, que nos nove primeiros meses de 2005 havia registrado vendas de 3,51 milhões de toneladas, no mesmo período deste ano vendeu 9,2% menos, 3,19 milhões de toneladas. A receita líquida da companhia caiu 15,3% no acumulado do ano, para R$ 6,46 bilhões.
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No Sistema Usiminas, embora as vendas físicas de janeiro a setembro tenham registrado crescimento de 11%, ante igual período de 2005, para 6 milhões de toneladas, a receita líquida da companhia caiu 9%, para R$ 9,1 bilhões. De acordo com a empresa, a queda pode ser explicada pela redução de preços médios praticada tanto no mercado interno, quanto externo e pela desvalorização do real frente ao dólar.
Gazeta Mercantil