CSN muda escopo de pelotizadoras em Minas e no Rio
10/11/06
Ivo Ribeiro
10/11/2006
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A Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) mudou parte do escopo de seu projeto de investimento em pelotização de minério de ferro nos Estados do Rio e de Minas. A unidade prevista para Itaguaí (RJ), de 3 milhões de toneladas, será integrada ao projeto que está em estudo com a chinesa Baosteel, uma das dez maiores siderúrgicas do mundo. Orçado em US$ 2,6 bilhões, essa usina de aço semi-acabado (placas) está desenhada para produzir 4,5 milhões de toneladas por ano.
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A decisão com os chineses deve sair até meados de 2007. O estudo de viabilidade técnica e econômica do projeto deve ficar pronto em algum tempo, mas depois será apresentado ao governo chinês, acionista da Baoesteel.
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No plano da CSN, a pelotizadora junto à mina Casa de Pedra, em Congonhas (MG), será duplicada para 6 milhões de toneladas, em dois módulos de 3 milhões cada, segundo informou Juarez Saliba, diretor de mineração da companhia. Nesse projeto, o investimento previsto é da ordem de US$ 360 milhões. Essa unidade estaria voltada para exportação e para atendimento de uma possível demanda de outra usina de aço que a CSN gostaria de fazer.
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A razão para integrar a unidade de Itaguaí ao projeto com os chineses, que a princípio teriam 25% do capital, é que reduziria custo na instalação de uma sinterização (equipamento para aglomerar o minério fino extraído em Casa de Pedra e levá-lo ao alto-forno). Por outro lado, a mina da CSN tem em abundância pellet-feed (minério super fino), produto usado para fazer pelotas. Essa unidade passaria a usar um mix de pelotas, produto bem mais caro (quase US$ 80 a tonelada) e minério fino (na faixa de US$ 40) para fazer aço.
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Sobre Casa de Pedra, Saliba informou que não há ainda um modelo definido para cisão da mina e sua transformação em uma empresa separada da CSN, que manteria seu controle. Segundo o diretor, está em estudo se será feita uma oferta pública em bolsa para venda de parte da mina ou se será vendida uma participação a um sócio estratégico. Ele não revelou, mas um banco europeu já foi contratado para montar a engenharia técnico-financeira da operação.
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Enquanto leva avante seu projeto de expansão (incluindo porto) de quase US$ 1,5 bilhão, a CSN quer iniciar a exportação de minério a partir de 2007. A expansão do terminal, em Sepetiba, para 8 milhões de toneladas, deve ficar pronta até o fim do ano. “Queremos exportar esse volume em 2007 e chegar a 30 milhões a partir de 2008”, afirmou Saliba.
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Entretanto, para alcançar essa meta, boa parte do minério, até 2009, será comprada de terceiros, na região, enquanto amplia a capacidade de produção de Casa de Pedra, prevista para alcançar 50 milhões de toneladas até 2010.
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Casa de Pedra ainda é alvo de disputa judicial entre a Vale do Rio Doce e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Vale luta por seu direito de preferência sobre o minério excedente da mina por 30 anos, em acordo firmado em 2001. O Cade argumentou em sua análise de concentração do setor ocorrida por compras da Vale que seria mais uma alternativa aos consumidores do produto (siderúrgicas e guseiras).
Valor Econômico