Com compra da Inco, Vale é a 2ª maior mineradora do mundo
24/10/06
É a maior aquisição em outros países feita por uma companhia latino-americana
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Ricardo Grinbaum e Mônica Ciarelli
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SÃO PAULO – A Companhia Vale do Rio Doce fechou na segunda-feira a compra da mineradora canadense Inco. Até às 22 horas, segundo a reportagem do Estado apurou, a Vale havia conseguido obter a adesão de mais de 70% dos acionistas da Inco à sua proposta. O mínimo exigido para a conclusão do negócio era de 67% das ações. Como o prazo para os acionistas depositarem os papéis terminava à meia-noite do Canadá – o equivalente a 1h da manhã de terça-feira no Brasil -, o total de ações compradas deve ser ainda maior.
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A Vale ofereceu cerca de US$ 18 bilhões por todas as ações da Inco e dependia que os acionistas dessem o sinal verde para a compra junto à Bolsa de Toronto, onde são negociados os papéis da mineradora canadense. Uma comitiva com 30 executivos da Vale aguardava em Toronto o desfecho da operação. Nesta terça-feira, o presidente da Vale, Roger Agnelli, deve anunciar oficialmente, em videoconferência, a compra da Inco.
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A preparação para a compra começou há mais de três meses, com a realização de reuniões no escritório da Vale em Nova York, para não chamar a atenção e evitar o vazamento de informações no Brasil. Junto com representantes de quatro bancos, ABN Amro (Real), Santander, CSFB e UBS, a diretoria da Vale fechou uma proposta com pagamento em dinheiro. Esse pagamento em dinheiro foi decisivo na disputa pela Inco.
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Desde maio, duas outras companhias, a americana Phelps Dodge e a também canadense Teck Cominco, estavam disputando a compra da Inco. Elas já haviam feito cinco ofertas antes de a Vale dar seu lance, no início de agosto. Em meados de agosto, a Teck Cominco desistiu da disputa porque percebeu que não tinha como captar os recursos suficientes para bancar sua aposta no leilão.
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A diretoria da Inco chegou a recomendar aos acionistas que aceitassem a oferta da Phelps Dodge, mas voltou atrás e rompeu o acordo com a mineradora americana no dia 5 de setembro. Ao final, prevaleceu a proposta da Vale, de 86 dólares canadenses por ação, próxima dos valores dos rivais, mas integralmente em dinheiro.
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Recordes
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A compra da Inco entrará para a história das empresas brasileiras com uma série de recordes. Trata-se da maior compra de empresas em outros países já efetuada por uma companhia latino-americana. Com a Inco, a Vale se tornará a segunda maior mineradora do mundo, atrás apenas da BHP Billiton. Se for descontado o fato de a BHP também atuar na área de petróleo e gás, a Vale fica perto de se tornar a maior mineradora do mundo.
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O valor da mineradora brasileira nas bolsas de valores saltará dos atuais US$ 59,8 bilhões para US$ 77 bilhões. Suas vendas anuais passarão de US$ 13,4 bilhões para US$ 18 bilhões. O lucro líquido combinado, no ano passado, chegaria a US$ 5,6 bilhões. A Vale se torna a maior mineradora de níquel do mundo, com reservas de 402 mil toneladas, com minas no Brasil, Canadá e Oceania.
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A operação financeira também bateu um recorde. Foi o maior empréstimo sindicalizado – em que o financiamento é rateado entre vários bancos – já feito em países emergentes. Houve uma corrida entre instituições financeiras de vários países para emprestar recursos para a Vale.
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Ao final, 34 bancos participaram da operação, colocando US$ 34 bilhões à disposição da empresa brasileira – US$ 16 bilhões a mais do que o necessário. “Esse negócio mostra que a Vale não é mais vista como uma empresa brasileira ou latino-americana. É um player global, de grande porte”, disse um executivo ligado à companhia.
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A compra da mineradora canadense está sendo bem recebida pelo mercado financeiro. Na segunda-feira, as ações da Vale subiram 1% com a perspectiva de fechamento do negócio. “O mercado já absorveu a aquisição da Inco”, disse o analista da corretora Ativa, Guilherme Marins. Segundo analistas financeiros, a compra é positiva para a Vale pela qualidade dos ativos da Inco, dona da maior reserva de níquel do mundo.
O Estado de São Paulo