Câmbio acelera importação de matéria-prima
16/10/06
Márcia De Chiara
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Os importados começam a ganhar espaço nas listas de compras de matérias-primas, peças e componentes das indústrias que produzem equipamentos para petroquímica, mineração, setor sucroalcooleiro, autopeças, além das fábricas que usam resinas plásticas para fabricar gabinetes de eletroportáteis.
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Depois dos calçados, tecidos e das máquinas importadas, agora é a vez das chapas de aço especiais, moldes de fundição, peças usinadas ou estampadas de aço, camisas de cilindro e cabeçotes de filtros e polipropileno vindos do exterior desbancarem os similares nacionais.
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Com o real valorizado em relação ao dólar e a necessidade de reduzir custos para ter preços mais competitivos aqui e lá fora, as indústrias, especialmente as exportadoras, começam a trocar matérias-primas e insumos nacionais pelos importados. Os novos itens vêm da China, países da Europa e, no caso das resinas plásticas, da Argentina e da Coréia. Eles chegam aqui com preço em dólar até 50% menor do que o cobrado por um similar nacional, apesar do imposto de importação, que não se aplica no caso das compras do Mercosul.
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Essa substituição de importação às avessas já começa a aparecer nas estatísticas. As quantidades importadas de matérias-primas, excluídos os combustíveis, cresceram 15% em 12 meses até agosto, segundo estudo da LCA Consultores. No mesmo período, a produção doméstica de insumos industriais elaborados, acumulada também em 12 meses, ficou praticamente estagnada.
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“O ritmo de crescimento das importações das matérias-primas começou a se acelerar a partir do fim do ano passado”, observa o economista da LCA e responsável pelo estudo Braulio Borges. Ele comparou os volumes importados a partir de dados da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex)com a produção industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O economista destaca que, entre setembro de 2005 e agosto de 2006, o real se valorizou 6% em relação ao dólar sem descontar a inflação. Esse, diz Borges, foi um dos fatores que tornaram as importações vantajosas. Ele lembra que, também por conta da valorização do câmbio, as indústrias, principalmente as exportadoras, buscaram matérias-primas e insumos importados para sobreviver à concorrência do mercado externo, reduzindo custos.
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A Jaraguá, por exemplo, que fabrica equipamentos sob encomenda para as indústrias petroquímica, ferroviária, de mineração e de açúcar e álcool começaram a importar chapas de aços especiais de França, Espanha e Itália. Segundo o vice-presidente da companhia, Cristian Silva, esse insumo chega ao País com preço 15% mais em conta comparado ao produto equivalente brasileiro.
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Além do câmbio, ele aponta a maior disponibilidade das chapas de aços especiais no exterior como outro fator que impulsionou as importações. Hoje os insumos importados respondem por 30% das compras da companhia em valor. Há dois anos essa fatia era de 10%.
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“Intensificamos as consultas para buscar fornecedores de matérias-primas importadas”, conta Silva. Esses novos fornecedores de componentes estão instalados na China e na Índia. Ele pondera que a companhia ainda tem dúvida quanto à regularidade do abastecimento e qualidade do produto.
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A Bosch está trazendo da China com sucesso peças de aço usinadas ou estampadas. A Itália e a Alemanha também figuram na lista de países fornecedores. O diretor de Compras e Logística da Bosch, Gerson Sini, confirma a substituição de itens nacionais pelos importados. Neste ano, do total de compras da empresa, estimado em R$ 1,2 bilhão, 40% são de itens importados. Em 2005, essa participação foi de 30%. A empresa produz sistemas à gasolina e elétricos para a indústria automobilística, além de ferramentas.
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No caso das peças de aço usinadas ou estampadas, as importações, que representaram 20% das compras em 2005, vão atingir 35% este ano. Sini diz que a decisão de ampliar as importações foi motivada pelas vantagens do câmbio e pela necessidade de reduzir custos. “Geralmente não fazemos mudanças nas compras se o diferencial de preços não for de, no mínimo, 10%”.
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Os fabricantes de eletroportáteis também estão buscando fornecedores de resinas plásticas na Argentina e na Coréia. O polipropileno importado usado na fabricação dos gabinetes plásticos desses equipamentos chega aqui com preços 10% menores do que o nacional.
O Estado de São Paulo