AIEA se reúne em Viena para discutir acordo nuclear com Irã
11/09/07
O acordoda Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) com o Irã para esclarecer a natureza do programa nuclear da República Islâmica será o tema central da reunião da diretoria da agência que começou hoje em Viena e dura até o fim da semana. O acordo, fechado no fim de agosto, estabelece um calendário para responder às dúvidas sobre o passado atômico de Teerã. O assunto foi apresentado aos 35 países do Conselho de Governadores (diretoria) pelo diretor-geral do organismo, Mohamed ElBaradei. Segundo a agenda prevista para esta semana, o assunto do Irã será debatido na quarta-feira. Antes disso serão tratadas outras questões, como aspectos da segurança no uso da energia atômica e a preparação da Conferência Geral da AIEA na próxima semana em Viena. O assunto do Irã – ponto sete da agenda – será o tema de maior interesse, com a expectativa da reação dos países-membros da diretoria. O acordo prevê que o Irã responda até o fim de 2007 a uma série de questões arrastadas pela falta de cooperação do Governo iraniano. Em 2003, foi descoberto que o regime ocultou pesquisas nucleares durante 18 anos. Diplomatas que pediram anonimato asseguraram que o plano de ação estipulado com o Irã será debatido em uma sessão fechada e deve obter o apoio de todos os membros, mas não será submetido a votação nem será tomada nenhuma decisão sobre ele. Outras fontes expressaram receio de que o acordo seja um simples estratagema para o Irã ganhar tempo e que a AIEA se tenha deixado manipular pelo Governo da República Islâmica. De Teerã, o principal negociador na questão nuclear iraniano, Ali Larijani, pediu que o Conselho de Governadores aceite o acordo alcançado, pois “é a solução razoável que resta”. O negociador iraniano, em entrevista na TV na noite de domingo, reiterou que o país não suspenderá as atividades atômicas, nem mesmo se o Conselho de Segurança da ONU adotar novas resoluções com mais sanções. Larijani destacou que, segundo o entendimento, a República Islâmica permitirá o acesso dos inspetores internacionais à usina de água pesada de Arak, no centro do país. No último relatório sobre o caso atômico iraniano, ElBaradei ressaltou que o Irã não suspendeu o enriquecimento de urânio, mas deu um “significativo passo adiante” na cooperação iraniana com os inspetores. ElBaradei assegurou em recente entrevista ao jornal alemão “Der Spiegel” que esta era “a última oportunidade” do Irã e pediu que o país deixe os inspetores do organismo trabalharem para desenvolver o acordo. Recentemente, o diretor da AIEA também fez críticas contra os que se intrometem no trabalho da agência das Nações Unidas – uma alusão aos Estados Unidos, que pressionam para impor uma terceira rodada de sanções contra o Irã por seu programa atômico. O Conselho de Segurança da ONU emitiu duas resoluções exigindo que o Irã interrompa os trabalhos relacionados ao enriquecimento de urânio, algo que a República Islâmica ignorou até agora. Os EUA e a União Européia temem que, sob a proteção do seu programa civil, o Irã esteja desenvolvendo a tecnologia nuclear a fim de obter um arsenal atômico. Os iranianos rejeitam categoricamente a exigência de interromper o programa nuclear e afirmam que desenvolver a energia atômica com fins pacíficos é direito inalienável. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou recentemente que o país tinha conseguido instalar mais de 3 mil centrífugas para enriquecer urânio. A AIEA ressaltou que o Irã tinha instalado 12 redes de 164 aparelhos, 1.968 no total, e que estava terminando de instalar outras 656.
Agência EFE