Empresas de países emergentes fazem mais aquisições no exterior
14/08/07
Cai a diferença para companhias de nações desenvolvidas em compras cross-border O fluxo de transações entre os países emergentes e as economias desenvolvidas começa a mudar de perfil. Pesquisa da consultoria KPMG mostra que as empresas de nações como as do grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) estão rapidamente diminuindo a diferença em relação às nações desenvolvidas em termos de aquisições cross-border (fora do País). O estudo, que levantou informações de nove economias emergentes e 11 desenvolvidas, apurou que, nos seis primeiros meses de 2007, foram realizadas 67 aquisições de empresas de países desenvolvidos por companhias de nações emergentes, contra 126 aquisições de desenvolvidos em países emergentes. Ao longo de todo ano de 2006, esta relação foi de 119 operações contra 322, respectivamente. Para se ter uma idéia da evolução recente, em 2003 foram registrados apenas 49 negócios de emergentes comprando em desenvolvidos, e 215 na direção oposta. `Boa parte das empresas que hoje participa deste movimento de compras no exterior teve expansão doméstica em outra fase do desenvolvimento da economia de seus países. Muitos viviam economia bem mais fechada. Com a evolução dessas economias, as empresas já tinham operação de destaque em seus ramos de atividades, algumas, inclusive, com longo histórico de exportações. De 2004 para cá, percebemos que estas empresas se tornaram mais fortes e deram início a compras no exterior com maior ênfase`, afirma Cláudio de Leoni Ramos, sócio de Corporate Finance e responsável pela pesquisa no Brasil. O aumento nas aquisições de companhias em nações desenvolvidas por empresas de países emergentes também se verifica no Brasil. O ano de 2006 estabeleceu um marco para os investimentos de empresas nacionais no exterior. Pela primeira vez na história, o desembolso de empresas brasileiras em aquisições no exterior superou o montante de investimentos diretos estrangeiros no Brasil; US$ 26 bilhões contra US$ 18 bilhões. Neste contexto se destaca a compra da canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce. e a aquisição da americana Swift pela Friboi. De acordo com Ramos, muitas companhias, em particular no setor de metais, mineração e agricultura, estão atentas a potenciais alvos no exterior, já que a demanda global por recursos naturais vem crescendo significativamente. Além disto, algumas destas aquisições estão sendo financiadas pelas recentes aberturas de capital na Bovespa. `O dólar desvalorizado trouxe como efeito imediato a queda na receita das exportações. Por outro lado, fazer aquisições no exterior se tornou mais barato`, acrescenta o executivo. Os Estados Unidos continuam sendo o principal adquirente de empresas brasileiras, com mais da metade das operações. Espanha e Portugal, que tradicionalmente possuem fortes laços de comércio com a América Latina, vêm atrás. As companhias-alvo continuam nos setores onde o Brasil é considerado forte: mineração e minérios, recursos naturais e manufatura. Mais recentemente, houve aumento da atividade também no setor de tecnologia e telecomunicações, o que demonstra a crescente sofisticação do mercado doméstico brasileiro. Outro motivo citado no estudo como impulsionador para este processo no brasil foram os bons fundamentos macroeconômicos do País. A estabilidade econômica continuada, a redução das taxas de juros, o aumento do consumo sem pressões inflacionárias, o aumento da oferta de crédito, a redução do risco Brasil, o forte desenvolvimento que os mercados de capitais tiveram recentemente, as potenciais reformas estruturais, as iniciativas governamentais para fomentar o crescimento da economia, os planos governamentais para investimentos em infra-estrutura, e finalmente a perspectiva de obtenção da classificação investment grade continuarão a estimular investidores estrangeiros a adquirir empresas brasileiras que possam se beneficiar destas perspectivas favoráveis.
Jornal do Commércio – RJ