Crédito e tarifas substituem ganho com título público
08/08/07
Os lucros vultosos dos bancos têm origem, segundo analistas, no aumento do volume das operações de crédito e nas receitas de serviços, que incluem as tarifas e as taxas de administração de fundos, por exemplo. Para o analista Denis Blum, da Tendências Consultoria, a análise de que os bancos lucravam muito com os juros altos porque aplicavam nos títulos do governo federal acabou se revelando uma `falácia`. `Os lucros deles aumentaram com a queda dos juros`, diz Blum. `O aumento do volume de crédito mais que compensou a queda das taxas.` Ele observa que vieram para o mercado pessoas e empresas que antes não tinham acesso ao crédito. Além disso, a estabilidade econômica dá maior previsibilidade para bancos, consumidores e empresas. Com isso, as instituições alongam os prazos e o consumidor e as empresas têm menos receio de assumir dívida mais longa. No primeiro semestre, o crescimento da carteira de crédito foi de 40,2% no Itaú, 28% no Santander, 25% no ABN Amro e 22,9% no Bradesco. `Com esse crescimento, o banco tem ganhos de escala, porque dilui as despesas com essas operações`, diz Blum. Vinicius Martins Castilho, analista financeiro do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), de Ribeirão Preto (SP), aponta que no Bradesco, por exemplo, as receitas de intermediação financeira cresceram 3,9% no primeiro semestre, enquanto as despesas com essas operações caíram 1%. `Isso mostra que o banco teve bom desempenho no crédito e obteve ganhos de escala.` Blum observa também que a inadimplência está controlada, crescendo abaixo do volume de crédito. `Isso revela que os bancos estão atraindo bons pagadores.` De acordo com Castilho, no balanço do Bradesco, as provisões para crédito de liquidação duvidosa cresceram 21,9%, menos que os 22,9% de ampliação da carteira de crédito. As receitas de serviços aumentaram 36% no Santander, 25% no Bradesco, 20% no ABN Amro e 17% no Itaú. `O crescimento reflete o aumento da bancarização`, diz Blum. Três desses quatro bancos têm rentabilidade maior que setores como mineração e petróleo e gás, os mais bem colocados em estudo preliminar feito pela Economática com resultados de balanços do primeiro semestre de empresas de capital aberto. O setor de mineração lidera o ranking de rentabilidade (relação entre lucro do primeiro semestre e patrimônio médio)com índice de 23,2%, seguido por petróleo e gás, com 20,5%. Entre os bancos, os índices foram de 36,3% (Bradesco), 32,1% (Itaú), 25,4% (ABN Amro) e 23,1% (Santander). `A rentabilidade do setor de finanças está em 14,8% e inclui seis bancos` , explica Fernando Excel, presidente da Economática. `É realmente alta, vai virar 30% no ano`, diz ele. Os seis bancos analisados são, além de Bradesco, Itaú e Santander, Daycoval, Pine e Financinus.
O Estado de S.Paulo