Brasil pode exportar urânio, que movimenta US$ 20 bi
29/06/07
O Brasil pode se tornar exportador de urânio em três anos. A previsão é Samuel Fayad Filho, diretor de Produção do Combustível Nuclear das Indústrias Nucleares do Brasileiras (INB). Atualmente, o País não vende o produto ao exterior, mas o mercado movimenta US$ 20 bilhões. A empresa é responsável pela exploração do urânio, e como pela fabricação de combustível nuclear para as usinas de Angra.”A empresa terá que dobrar a produção de concentrado de urânio, ou yellowcake, que é o resultado da primeira das cinco etapas do beneficiamento do urânio, saltando dos atuais 400 toneladas/ano para 800 toneladas/ano, já a partir de 2009″. Uma das medidas adotadas será aumentar a eficiência em das operações em 30%.O executivo explica que, até 2010, cerca de R$ 500 milhões serão gastos para duplicar essa produção e, a partir de 2014, a receita irá crescer possibilitando reinvestimentos.Uma das maneiras para se aumentar a receita da empresa, de acordo com a Fayad, pode ser a exportação do concentrado de urânio. O mercado internacional de venda de concentrado de urânio movimenta anualmente US$ 20 bilhões.De acordo com o executivo, já nos próximos cinco anos, o País pretende estar exportando 800 toneladas de concentrado de urânio por ano até chegar gradativamente a 4.000 toneladas/ano.A INB está mantendo discussões com pelo menos quatro companhias privadas para estabelecer parceria na exploração da mina de Santa Quitéria, no Ceará. Trata-se da maior reserva de urânio do País e sua viabilidade econômica depende da extração de um produto associado, o fosfato, usado na produção de fertilizantes.No processo de parceria, o agente privado entregaria à INB o material através do qual a empresa estatal separaria o urânio e a empresa privada ficaria com o direto sobre o fosfato.A estimativa é de que Santa Quitéria, ainda em processo de licenciamento ambiental, produza 800 toneladas de urânio por ano até 2012. Na Bahia, a INB já explora a mina de Caetité, onde tem capacidade de produzir 400 toneladas por ano de urânio concentrado e chegará a 800 toneladas por ano até 2009.Fayad esclarece que o monopólio não estará comprometido com essa parceria uma vez que a iniciativa privada só se encarregaria de explorar o fosfato.Interesse ampliadoAlém dessa parceria, o urânio atrai companhias do exterior. Empresas australianas, americanas e canadenses já começam a sondar o mercado brasileiro de urânio. A consultora Target Geologia Mineração e Meio Ambiente, sediada em Minas Gerais, foi sondada para prestar assessoria a essas companhias após uma eventual abertura de atividade de exploração do mineral ao capital privado.De acordo com Oscar Yokoi, sócio majoritário da Target, a consultora mantém contratos de prestação de serviço com estas empresas em outros países, como Argentina, Estados Unidos e Canadá. “Elas estão muito interessadas no Brasil, pois aqui as reservas de urânio são pouco exploradas e o mercado internacional está bastante demandante”, disse o geólogo.Nos últimos três anos, a cotação do urânio no mercado internacional saltou de US$ 12 por libra-peso para US$ 110 por libra-peso. O Brasil tem a sexta reserva mundial do mineral.Yokoi não revela os nomes dos clientes. Limita-se a dizer que são empresas de capital aberto e que algumas delas se enquadram no perfil de empresas júnior. Ou seja, sem tradição na atividade que desempenham, mas fortes do ponto de vista do capital.A canadense Canico, adquirida pela Vale do Rio Doce, é uma empresa júnior. Ela descobriu as reservas de níquel de Onça Puma (PA) e foi comprada pela mineradora brasileira, um destino comum às empresas júnior.A Target foi fundada em 1995. Naquela década, integrou um consórcio privado contratado pelas Indústrias Nucleares de Brasil (INB) para atuar na pesquisa mineral. O consórcio era liderado pela Andrade Gutierrez Mineração. As empresas atuaram como prestadoras de serviço, sendo os direitos minerários de exclusividade da INB. Segundo Yokoi, o consórcio fez um reconhecimento detalhado da reserva de Lagoa Real, em Caetité (BA).
DCI