China é a maior importadora de produtos mineiros
09/05/07
Belo Horizonte, 9 de Maio de 2007 – Depois de quase um século como o principal destino dos produtos mineiros, os Estados Unidos perderam para a China, em 31 de março, a posição de principal importador mercadorias produzidas no estado. Segundo estatísticas divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento Econômico, os chineses importaram US$ 635 milhões no primeiro trimestre do ano, contra US$ 612 milhões dos Estados Unidos. As exportações mineiras no período totalizaram US$ 4,2 bilhões que sinalizam vendas superior a US$ 15 bilhões no ano e a preservação da sua condição de segundo maior estado exportador, logo abaixo de São Paulo. O total do trimestre foi 25% superior ao registrado em igual período de 2006, de US$ 3,4 bilhões.
;
O setor de comércio exterior da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) atribui a ascensão do novo líder como um reflexo do imobilismo no comércio com os Estados Unidos que praticamente não cresce nos últimos anos. Enquanto isso, os chineses, que há 15 anos figuravam na rabeira da lista dos importadores, aumentaram suas compras no período a mais de 50% ao ano. As importações foram em quase sua totalidade de minério de ferro.
As estatísticas do Ministério do Desenvolvimento Econô mico não discriminam a participação das empresas nas exportações para os chineses, já que também foram realizadas vendas de ferro gusa, aço e celulose. Do total, porém, mais de 80% representam o minério de ferro produzido ou comercializado pela Companhia Vale do Rio Doce, já que esta empresa também vende, por força de contrato, o minério de da jazida de Casa de Pedra, localizada no município mineiro de Conselheiro Lafaiete e de propriedade da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A Vale não divulgou a parte de Minas em suas vendas externas no trimestre para os chineses, que alcançara 21,6 milhões de toneladas e correspondem a um terço de toda sua exportação.
Demanda garantida Segundo o engenheiro Ciro Cunha Melo, que foi presidente da Samitri, empresa adquirida pela Vale em 1970, o cenário de compras crescentes de minério por parte da China prosseguirá nos próximos dez anos. Segundo suas estimativas, mesmo no momento maior folga, que acontecerá dentro de três anos, a oferta de minério de ferro superará a demanda em apenas 6%. “Isso corresponde a apenas 20 dias de produção. Basta que os índios deitem sobre os trilhos da Estrada de Ferro Vitória Minas para que o produto volte a faltar”, comentou.
Um aspecto que impressiona o mercado é a voracidade dos chineses, que não se intimida, sequer, com os sucessivos aumentos do preço do minério de ferro. Nos últimos cinco anos a tonelada do produto passou de US$15 dólares para US$ 47 dólares e, no entanto, as compras mais que triplicaram e não exibem o menor sinal de arrefecimento. Anteontem, o diretor geral da MMX Mineração, Randolfo Landim anunciou em Belo Horizonte que sua empresa iniciará em setembro a construção de um mineroduto com capacidade de exportação de 26 milhões de toneladas de minério de ferro, com investimento de US$2,3 em obras que incluem uma usina de beneficiamento de minério na cidade mineira de Conceição do Mato Dentro e um porto, no litoral do Rio de Janeiro. A obra tem conclusão prevista para 24 meses depois de iniciada, mas a produção já está inteiramente vendida por um período de dez anos, sendo que grande parte será para a China.
Maior produtora de minério de ferro em Minas Gerais, a Vale extraiu, no ano passado, 264 milhões de toneladas em Minas Gerais, incluindo a produção de suas subsidiárias Samarco e MBR. Agora em 2007 deverão ser acrescidas mais 24 milhões de toneladas da sua recém inaugurada mina de Brucutu, que foi construída em apenas 24 meses, com investimento de US$ 1,1 bilhão e que se constitui na maior mina do mundo a céu aberto, em início de atividades. Há dois meses, um importante executivo da empresa informou que a companhia está se preparando para construir, na região, outra mina de dimensões semelhantes e, na semana passada, o vice-presidente da Vale, Fábio Barbosa, declarou que, no momento, as encomendas superam a capacidade de produção da empresa.
Um aspecto curioso nas transações internacionais de Minas Gerais é a longa relação comercial com seu principal importador. Ao longo do século XX, a liderança coube aos Estados Unidos, que substituíram os ingleses na primazia que detiveram por quase todo o século XIX. Estes, por sua vez, sucederam aos portugueses, que monopolizaram, por força das armas, toda as exportações mineiras do século XVIII e que se constituíram em 700 toneladas de ouro.
kicker: Minério de ferro, ferro gusa, celulose e aço dominam a pauta de exportação do estado que totalizou US$ 4,2 bi no trimestre (Gazeta Mercantil – Pág. 4)(Durval Guimarães)
;
Gazeta Mercantil