Mitsui decide hoje disputa por Sesa Goa
28/03/07
Vera Saavedra Durão28/03/2007
A Vale do Rio Doce disputa hoje mais uma aquisição no mercado internacional, depois da compra bilionária da produtora de níquel canadense Inco, em 2006, e da AMCI HA, proprietária e detentora de minas de carvão na Austrália, no início deste ano. Desta vez, a mineradora brasileira concorre com Arcelor Mittal, Vedanta Resources e o grupo indiano Aditya Birla pela fatia de 51% que a japonesa Mitsui detém na mineradora de minério de ferro de Sesa Goa, na Índia. O negócio é avaliado em US$ 1,8 bilhão e a Mitsui deve tomar ainda hoje uma decisão sobre as ofertas finais das concorrentes.
Os analistas se dividem quanto ao interesse da Vale neste negócio. Para alguns, a mineradora brasileira estava atraída pela transação, pois tem interesse em participar de mercados mais próximos da Ásia. Mas depois que o governo indiano decidiu criar um imposto de exportação para o minério de ferro doméstico, visando garantir o produto para as siderúrgicas locais, o ativo pode ter perdido um pouco do seu atrativo, já que fica difícil vender o produto indiano para a China, por ser mais caro. Outros analistas são mais céticos quanto ao real interesse da mineradora brasileira por minas de ferro indianas. Na avaliação destes especialistas, a Vale entrou nesta corrida mais para “estudar” o mercado local para futuros negócios.
Fábio Barbosa, diretor executivo de finanças da companhia, que ontem deu uma palestra sobre os investimentos da Vale em 2007, não quis fazer nenhum comentário sobre Sesa Goa, confirmando apenas que a empresa não tem minas de ferro fora do Brasil. Ele confirmou que a demanda pelo produto continua crescente e, por esta razão, a mineradora está aguardando que o conselho de administração da companhia aprove pedido da diretoria executiva para ampliar a produção de minério de ferro de Carajás das atuais 100 milhões de toneladas/ano para 130 milhões em 2008/2009.
O investimento, cujo valor Barbosa não revelou, inclui não apenas a expansão da produção local de minério de ferro, mas também a construção de uma nova usina de processamento de minério em Carajás, além de novas vias de acesso à mina gigante, compras de britadores, equipamentos para mineração, locomotivas e vagões para o transporte do minério até o porto de São Luiz, no Maranhão.
Os planos da Vale confirmam que o mercado de minério de ferro continua aquecido, podendo levar a uma nova alta do preço do insumo no ano que vem. No primeiro bimestre do ano, a importação de minério de ferro da China cresceu 23%, o mesmo acontecendo com a produção de aço local. Para Rodrigo Ferraz, analista da Corretora Brascan, dois dados podem influir no mercado de minério de ferro em 2008. A taxação do minério da Índia, que tira um grande produtor do mercado, e a demanda maior da China, maior comprador do produto no mercado mundial. Ferraz, por enquanto, estima aumento zero para o minério em 2008, mas acha razoável supor que o produto possa subir entre 5% a 10% diante destes dois fatores mencionados. “A probabilidade de aumento passa a ter novos fundamentos”, avalia.
Valor Econômico