Rio Tinto atenta à licença do Ibama para pólo siderúrgico
20/03/07
Custo do empreendimento, incluindo logística, será de US$ 2 biDANIELE CARVALHODO JORNAL DO COMMERCIOA mineradora anglo-australiana Rio Tinto finaliza até o final deste mês o estudo de viabilidade sócio-ambiental para a construção de seu pólo siderúrgico em Corumbá (MS). O documento será encaminhado ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) para a o pedido de duas licenças ambientais: de expansão da mina dos atuais quatro milhões de toneladas/ano para 7,5 milhões de toneladas/ano e outra para uma usina siderúrgica com capacidade de processar dois milhões de placas/ano. O custo total do empreendimento, já levando em consideração desembolsos com logística, chegaria a US$ 2 bilhões. O diretor de Relações Externas da empresa, Eduardo Rodrigues, explica que a idéia inicial da Rio Tinto era utilizar o gás boliviano na usina, com base em um processo denominado processo de hismelt. Por conta dos recentes imbróglios na Bolívia, no entanto, a fonte energética foi substituída por carvão mineral. Trata-se de uma tecnologia de transformação siderúrgica para produção de ferro gusa que aproveita minério de ferro fino (hoje um resíduo estocado) e carvão mineral de baixa qualidade, evitando coquerização, sinterização e pelotização. “Vamos encaminhar ao Ibama o projeto de uma usina – a ser construída por terceiros- que utiliza carvão mineral. Vamos aproveitar a logística de exportação, uma vez que as barcaças que levam o minério até e Argentina voltam vazias. O custo de implantação da planta a carvão é mais elevado que a de outras tecnologias. Mas é importante frisar que a operação do hismelt é mais barata, porque utiliza finos e carvão mineral. Altos-fornos, por exemplo, necessitam de coque, que é um produto mais caro”, explica Rodrigues. Apesar do pedido de licença ambiental, a Rio Tinto esbarra em um impasse jurídico em torno da legislação sobre faixa de fronteira. Uma lei de 1977 determina que empresa estrangeiras de mineração não sejam majoritárias em projetos localizados em áreas limítrofes do País. Alguns anos depois, em 1995, mudança na lei levou a empresa a comprar a participação de seu sócio, Eike Batista, tornando-se proprietária de 100%. Em 2003, porém, houve um parecer contrário por parte da Advocacia Geral da União. A empresa recorreu e questão está em aberto.Perguntado sobre os impactos do impasse judicial, Rodrigues disse que a questão preocupa grupos interessados em investir no pólo. “O assunto cria dificuldades porque é uma insegurança jurídica dentro do projeto. À medida que se fala com empresas interessadas, a primeira coisa que eles querem é o fornecimento de matéria-prima de qualidade para longo prazo. Por conta do impasse a Rio Tinto ainda não tem condições de assinar um contrato”, conta o diretor de Relações Externas. A iniciativa de solicitar as licenças ambientais visa, segundo Rodrigues, ganhar tempo. “Quando a questão for resolvida, o projeto já será bem conhecido e já com a licença”, argumenta.Em contrapartida, a Rio Tinto deu ontem mais um passo para implementar a logística de escoamento do minério de ferro extraído de Corumbá, feito por meio de barcaças que navegam a hidrovia Paraguai-Paraná até a Argentina.A empresa investiu US$ 100 mil em parceria com a Marinha brasileira visando o aperfeiçoamento do simulador de Posicionamento Dinâmico. O sistema permitirá testes virtuais para o aumento do número de barcaças nos comboios da empresa, o que reduzirá os custos de transporte.”Nós reconhecemos desde o início que a logística e a questão ambiental são duas áreas chaves neste projeto, tanto de mineração quanto de siderurgia em Corumbá. Estamos dando atenção especial a estas duas variáveis, que são a parte crítica do projeto”, avalia Eduardo Rodrigues.
Jornal do Commércio – RJ