Votorantim e Camargo colocam um trio expert no conselho da Usiminas
12/03/07
Ivo Ribeiro12/03/2007
A indicação de Wilson Brumer, que deixa o cargo de secretário do governo de Minas, para compor o conselho de administração da Usiminas, é mais um reflexo do processo de mudanças na companhia. O primeiro passo foi a reestruturação societária da empresa, que durou cerca de um ano. Após muitas negociações, o rearranjo foi concluído em novembro. Dois grupos – de um lado Votorantim e Camargo Corrêa; de outro os japoneses liderados pela Nippon Steel – saíram fortes como controladores.
Com isso, foram prenunciados novos tempos na Usiminas, maior produtora de aço do Brasil, com 28,4% do total, e maior de aços planos da América Latina. Os acionistas destacaram a necessidade de nova gestão corporativa e mais agilidade para crescer e manter-se competitiva no acirrado cenário de consolidação mundial no setor.
O mercado recebeu bem a indicação de Brumer, na expectativa de que ele virá a ocupar posição de maior destaque no futuro. É visto com naturalidade que ele se torne o presidente do conselho em abril de 2008, quando expira o mandato do atual “chairman”, bem como o do presidente executivo.
Hoje, a Usiminas tem um perfil financeiro invejável no setor: a dívida líquida é de R$ 760 milhões (tem no caixa mais de US$ 1 bilhão) e a empresa acaba de anunciar lucro líquido de R$ 2,5 bilhões em 2006. “A companhia está pronta para dar um salto ousado de crescimento”, diz um conselheiro.
O nome de Brumer – que já passou por Vale do Rio Doce (área financeira e presidência), Acesita, CST, Billiton Metais e BHP Billiton – foi escolhido em consenso no grupo V/C. A indicação será oficializada pelo conselho da Usiminas nesta quarta-feira e referendada em assembléia dos acionistas no início de abril. Como Votorantim já havia indicado Albano Chagas Vieira em novembro e a Camargo contava com Marcelo Malta Araújo, o presidente da Camargo, Vitor Hallack, e o diretor-geral da Votorantim, Raul Calfat, buscaram um nome independente, de destaque, para representar os dois grupos.
O V/C pode indicar três conselheiros, assim como a Nippon Steel, que passou a dar as cartas pelo lado de todos acionistas japoneses. A Caixa dos Empregados da Usiminas indica dois nomes e a Vale um.
Os dois colegas de Brumer pelo lado do V/C no conselho têm larga experiência no setor. Vieira passou pela Gerdau, antiga Mendes Júnior, CST, Acesita e CSN no Brasil. No exterior, trabalhou na Austrália e foi vice-presidente operacional na Arcelor, em Luxemburgo, até abril de 2006. Araújo, além de empresas de outros setores, como diretor-executivo na CSN chefiou várias áreas, inclusive participações.
Valor Econômico