Alumínio já ocupa mais espaço na casa com novas aplicações
05/02/07
Natalia Gómez05/02/2007
Anna Carolina Negri /Valor
Donizeti, gerente da Alpex: “Venda de componentes de alumínio para móveis, iniciada há cinco anos, deve crescer 30%”
;Usado tradicionalmente em janelas e portas, o alumínio conquistou nos últimos dez anos um espaço nobre em outros lugares da casa, transformando-se em um componente de alto valor para a indústria de móveis residenciais. Sua entrada começou discreta, nas portas de armários de cozinhas, mas em pouco tempo o metal passou a compor visuais modernos em dormitórios, closets, banheiros e salas de estar. Com o fortalecimento da tendência, nascida na Itália, diversas empresas entraram no mercado e se especializaram na produção destes componentes de alumínio, mercado em que nem sonhavam atuar há alguns anos.
Uma das primeiras a perceber a oportunidade foi a gaúcha Cinex, que abandonou a importação de componentes como corrediças metálicas e acessórios, seu principal negócio, para fabricar portas de alumínio no Brasil.
Iniciado em 1998, o projeto levou dois anos para deslanchar. “Naquele momento a aplicação era uma tendência na Europa fazia quatro anos”, afirma César Cini, presidente da companhia. Desde então, a equipe de um funcionário foi ampliada para o número atual de 130 pessoas, graças a um crescimento anual de 30% nas vendas.
A Cinex produz atualmente 200 mil portas por ano, usadas por fabricantes de cozinhas e dormitórios planejados, como Elgin, Formaplas e SCA. Diante dos bons resultados, a companhia também passou a fabricar outros itens de alumínio, como prateleiras iluminadas e estantes. A empresa também investiu nos últimos dois anos em uma unidade de corte, lapidação e pintura de vidro, que é aplicado nas portas. “A maior parte do aporte R$ 3,5 milhões feito no ano passado foi voltado para o tratamento do vidro”, diz Cini.
A Alpex Alumínio, especializada na extrusão do metal, despertou para o mercado moveleiro há cinco anos, quando começou a produzir componentes como portas de armários e puxadores. Esta divisão representa hoje quase 10% dos seus negócios. Segundo o gerente de semi-acabados Hélio Donizeti, a empresa está investindo R$ 1 milhão para duplicar suas atividades de componentes industriais no bairro paulistano do Ipiranga, o que vai garantir um aumento de 30% na produção de itens para o setor moveleiro.
A Tecnovidro, voltada para o beneficiamento de vidro para as indústrias moveleira e automotiva, criou uma unidade de tratamento de alumínio em 1998 e já iniciou as primeiras exportações de portas para os Estados Unidos. Assim como sua concorrente Alpex, a empresa planeja investir US$ 1 milhão para duplicar sua unidade metalúrgica em Farroupilha (RS) este ano. Mais US$ 2 milhões serão investidos na área de vidro. A expectativa é aumentar a produção de 200 mil portas por ano para 300 mil em 2007, segundo o designer da companhia Diego Farto.
Diante da popularização da tendência, fabricantes como a Todeschini estão desenvolvendo novos acabamentos para o alumínio com o objetivo de diferenciar seus produtos. “O padrão prata chegou às lojas de móveis populares e por isso estamos buscando novas colorações”, diz a arquiteta da companhia, Márcia Balestro. Entre as novidades está uma versão bronze do metal, que combina com móveis de madeira. Os perfis mais estreitos também estão ganhando espaço.
Para agilizar seu fluxo de produção, a Todeschini montou uma unidade própria de corte e perfuração de alumínio em sua fábrica, em Bento Gonçalves (RS). Sua concorrente Dell Ano, sediada na mesma cidade, optou por uma estratégia semelhante no ano passado, quando uma empresa do mesmo grupo, chamada Telasul, iniciou a produção das portas de metal.
Segundo a designer da Dell Ano, Aline Roberti, o alumínio é utilizado pela companhia desde 2000. “Sua principal função é dar um aspecto moderno a ambientes de madeira escura”, afirma.
A Ornare, fabricante de móveis de luxo sediada na capital paulista, planeja aplicar o componente na sua primeira linha de cozinhas, que deve ser lançada em maio, segundo a sócia Esther Schattan. “A resistência ao contato com a água é uma grande vantagem do material”, afirma.
No início da cadeia de produção, as fabricantes de perfis de alumínio começaram a colher os frutos desta moda. Nos últimos cinco anos, as vendas de perfis de alumínio para uso em móveis saltaram de 1,5 mil toneladas por ano para 3,6 mil, segundo o coordenador do comitê de construção Associação Brasileira do Alumínio (Abal), José Carlos Garcia Noronha. Para o futuro, a perspectiva é otimista. “Há mercado para duplicar novamente estas vendas nos próximos quatro anos”, afirma.
Valor Econômico