Custo de captação deve se manter alto, diz Vale
16/12/08
A mineradora Vale prevê a manutenção do custo de financiamento das empresas ainda em patamares elevados nos próximos meses. Uma das principais consequências desse cenário será um menor movimento de fusões e aquisições dentro do setor, avalia Fábio Barbosa, diretor financeiro da Vale.
“Modelos de negócios dependentes de capital abundante e barato tendem a ser questionados”, disse Barbosa, que participou ontem do seminário “Reavaliação do Risco Brasil”, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), com apoio do Valor. “Vai ser um mundo menos alavancado e com menos crédito.”
Para Barbosa, se 2008 tivesse terminado no final de setembro, seria “um ano excelente”, mas veio o último trimestre e tudo mudou. O executivo conta que a Vale está em uma situação mais favorável que algumas de suas concorrentes globais, com US$ 10 bilhões em crédito de longo prazo assegurado e com US$ 1,8 bilhão em crédito rotativo, além de mais US$ 15,3 bilhões em caixa. “Temos condição de perseguir qualquer opção de investimento”, disse ele.
A Vale, diz Barbosa, negocia linhas com outras agências de financiamento e também foi procurada por bancos. O custo das operações, porém, está mais elevado. Segundo ele, a empresa se preparou ao longo dos últimos 12 meses já prevendo condições de financiamento mais difíceis.
As estimativas da empresa é que já foram gastos pelos governos globais US$ 7,6 trilhões para salvar os países da crise. “Houve uma maciça destruição da riqueza global, que desapareceu. Ela não foi para o bolso de ninguém.” O sumiço desse dinheiro, diz ele, vai comprometer o consumo e o investimento.
“Vejo período de forte desaceleração nas economias desenvolvidas.” A previsão é de retração de 1%. Já os países emergentes terão menor impacto e vão crescer na casa dos 4% a 5%. A China, uma das maiores compradoras de minério da Vale, deve crescer entre 7% e 8% em 2009. Segundo Barbosa, as condições de preços para a venda de minério para os chineses “pararam de piorar”.
No mesmo evento, Joaquim Levy, secretário da fazendo do Estado do Rio de Janeiro, destacou que há capital de longo prazo interessado em investir no Brasil. “Há nichos de liquidez”. Ele disse ainda que o gasto público tem que ser investido em projetos de infra-estrutura.
Valor Econômico