Indústria mineira já vê "fundo do poço"
16/12/08
A indústria mineira prevê um período agudo de efeitos da crise financeira mundial, com queda de produção, vendas e do nível do emprego ao longo do primeiro trimestre do ano que vem. Só em março as empresas mais afetadas pela turbulência na economia devem começar a sair do que será o fundo do poço, nas projeções da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). As expectativas do setor para 2009, divulgadas segunda-feira pela Fiemg, indicam um ano de resultados ruins, mas de crescimento de 2,8% da economia mineira, percentual idêntico ao projetado para o país. As exportações do estado também serão menores, estimadas em US$ 19 bilhões, quase 23% inferiores à cifra esperada de US$ 24,6 bilhões no fechamento de 2008. O presidente da Fiemg, Robson Andrade, está convencido de que o consumo de bens e serviços no Brasil é que vai sustentar o desenvolvimento econômico do país em 2009, ao baixo ritmo imposto pelas restrições ao crédito no mundo. ?Vamos enfrentar um ano difícil, mas com perspectiva de crescimento, embora insuficiente para a geração de empregos e renda. O primeiro trimestre do ano que vem será o fundo do poço para a indústria?, disse. Apesar do impacto da redução da produção de setores como a indústria automotiva, a mineração e a siderurgia no balanço deste ano, a perspectiva dos industriais de Minas é de que a economia mineira encerre este ano com expansão de 5,8%, pouco acima da média esperada para o Brasil, de 5,5%. A pesquisa de outubro dos indicadores da indústria, feita pela Fiemg, já mostra desdobramentos da crise: a produção física do setor caiu 1,9%, frente ao mês anterior; o faturamento diminuiu 0,79%; e o número de horas trabalhadas recuou 0,44% ante setembro. O saldo do emprego foi positivo em 1.484 vagas, com base em levantamento do Ministério do Trabalho, balanço que não incorporou o aumento das rescisões de contratos de trabalho homologadas nos últimos 30 dias nos sindicatos dos trabalhadores em pólos industriais dos setores automotivo e siderúrgico. Na mineração, a Fiemg estima 1 mil a 1,5 mil demitidos em função da crise. Com o forte peso desses ramos da indústria na economia estadual, há uma perspectiva de crescimento de 2,9% da produção industrial mineira no ano que vem, portanto abaixo da projeção de aumento de 3,1% da produção brasileira. Segundo o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Fiemg, Lincoln Gonçalves, não será o ?pior dos mundos?, tendo em vista a alta base de comparação dos últimos dois anos, marcados por crescimento econômico. A retomada da produção industrial a partir do primeiro trimestre de 2009 deverá refletir, na expectativa do presidente da Fiemg, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos, adotada pelo governo federal em socorro à indústria automotiva.
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