Brasil precisa elevar compromisso com sustentabilidade
09/12/08
As empresas brasileiras ainda deixam a desejar quando se fala em sustentabilidade. A conclusão é de pesquisa realizada pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e a internacional SustainAbility. A parceria analisou 76 relatórios não financeiros publicados em 2007 e 2008 e elegeu dez companhias como aquelas que reúnem melhores práticas de sustentabilidade. Os documentos são avaliados em 29 itens, que contemplam governança e estratégia, mecanismos de gestão, apresentação de desempenho, acessibilidade e verificação. A cada item pode ser atribuído até 4 pontos, sendo 116 o máximo a ser atingido.
A Natura liderou o ranking doméstico, alcançando 54% da pontuação máxima. A segunda colocada foi a Suzano Petroquímica (53%), seguida de Ampla (52%), Coelce (52%), Banco Real (51%), Energias do Brasil (47%), Sabesp (46%), Bunge (41%), Celulose Irani (41%) e Itaú (35%).
As notas dos relatórios brasileiros ficaram com média de 47%. No exterior, pesquisa anterior com 50 relatórios apurou média de 57%, com nota máxima de 80% para a British Telecom em 2006. A maior nota obtida na pesquisa no Brasil ficaria na 30ª posição se comparada com ranking de 2006 mundial. Para os avaliadores, o resultado interno mostra atraso de 3 a 4 anos em relação às melhores referências externas.
A pesquisa, feita pela SustainAbility, há mais de uma década, foca pela primeira vez um único país. Segundo Clarissa Lins, diretora executiva da FBDS, o Brasil foi escolhido porque nos últimos anos os relatórios produzidos aqui aumentaram em quantidade e ganharam destaque. Na avaliação dela, as brasileiras precisam de mais credibilidade, pois mostram dificuldades em traduzir sustentabilidade para os investidores e em muitos documentos o tema parece ser confundido com conceitos de marketing.
“As companhias pecam por não apresentar metas claras e sim um discurso com uma série de prioridades, mas sem foco concreto”, afirma. Como exemplo, fixar a meta de reduzir em “x” por cento a emissão de gases de efeito estufa em certo prazo de anos. “Só assim ela assume um compromisso de fato e que poderá ser cobrado mais à frente, como meta de gestão e não apenas intenção.” Na verdade, diz, poucas notaram que a sustentabilidade pode gerar valor aos seus negócios.
Entre as que se destacaram, várias são de capital aberto. Clarissa diz que a pesquisa não comprova isso, mas existe a sensação de que elas, por terem de prestar contas a seus investidores, já têm preocupação maior com a sustentabilidade. A mesma análise vale para as elétricas, que atuam em ambiente regulado.
Valor Econômico