Bovespa cai pelo quinto dia seguido
28/10/08
Reavaliação sobre emergentes ajuda bolsa a despencar 6,5%, ao menor nível desde outubro de 2005
De São Paulo?Aumenta a pressão sobre economias emergentes.? A frase, contida em um e-mail enviado na sexta-feira por uma instituição financeira a seus clientes, já antecipava o cenário para mercados como o do Brasil. E a reação da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ontem ratificou esse sinal, uma vez que mostrou perdas mais fortes em relação a Wall Street. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 6,50%, aos 29.435,11 pontos, o menor nível desde 28 de outubro de 2005. Foi a quinta queda consecutiva.O Dow Jones caiu 2,42%; o S&P-500, 3,18%; e o Nasdaq Composite, 2,97%. ?Já está na conta que os países desenvolvidos vão desacelerar. Esse cálculo começa a incluir uma reavaliação para baixo dos emergentes?, disse um economista-chefe de uma instituição financeira no Brasil.O dólar, no entanto, descolou-se da instabilidade das bolsas. Com dois leilões do Banco Central, nos quais foram vendidos cerca de US$ 2,064 bilhões por meio de swap cambial e de venda com recompra, o dólar spot fechou em baixa de 3,57%, a R$ 2,244 na BM&F e no balcão. O BC ainda divulgou, logo cedo, mais uma medida para ampliar a liquidez reduzindo o recolhimento do empréstimo compulsório pelos bancos. O dólar novembro fechou em queda de 2,17%, a R$ 2,2570.Mas no mercado acionário, a ausência de players estrangeiros e da retração dos investidores locais, bem como o afastamento de especuladores em razão da falta de expectativa para o curto prazo, a Bovespa encerrou com volume pequeno, de apenas R$ 3,244 bilhões ? o menor desde 1º de setembro, quando o feriado do Dia do Trabalho nos EUA reduziu o giro no pregão brasileiro para apenas R$ 1,998 bilhão. Na última sexta-feira, um e-mail de uma instituição financeira enviado a clientes já antecipava o cenário ruim para os mercados emergentes. O texto dentro do e-mail chamava para slides no relatório em anexo que mostravam a deterioração do indicador de risco País calculado pelo banco JP Morgan Chase (o EMBI) de algumas economias, como Brasil, México e Chile.Segundo um economista-chefe de um banco de investimentos no Brasil, não se pode creditar o movimento de um dia bolsa a essa leitura, mas o pano de fundo é realmente o entendimento, por um número cada vez, maior de participantes do mercado de que ocorrerá uma revisão sobre o ritmo de crescimento das economias emergentes.O noticiário e o comportamento desde cedo nas principais praças financeiras internacionais certamente não ajudaram a justificar uma melhora. No final de semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou acordos de ajuda financeira com a Ucrânia e a Hungria, na esteira da Islândia na sexta-feira. Na madrugada de ontem, a Coréia do Sul anunciou o maior corte de juro de sua história, de 0,75 ponto porcentual, para 2,5%; e o Kuwait deu início a um programa para ajudar os bancos, depois de ser obrigado a garantir os depósitos da segunda maior instituição do país.Ontem, o dia amanheceu bastante ruim, com a Ásia novamente ladeira abaixo, movimento posteriormente acompanhado pela Europa. Logo cedo, o G7 alertou aos riscos da apreciação do iene, que ajudou a derrubar as ações na Bolsa de Tóquio. O Nikkei terminou na mínima em 26 anos depois de cair mais de 6%. A Bolsa de Hong Kong fechou em queda superior a 12%. Na Europa, a jornada também foi negativa: o londrino FTSE-100 caiu 0,79% e o parisiense CAC-40 cedeu 3,96%. Em Frankfurt, contudo, o DAX encerrou a sessão com valorização de 0,91%.Nos Estados Unidos, a semana começou com volatilidade nas bolsas norte-americanas, que oscilaram entre os territórios positivo e negativo ao longo do dia. No noticiário, a inesperada elevação nas vendas de imóveis novos nos Estados Unidos em setembro: após cair ao menor nível em 17 anos em agosto, as vendas subiram 2,7%, para 464 mil unidades, surpreendendo os economistas que esperavam 455 mil unidades vendidas em setembro. Na parte da tarde, a reversão das perdas do petróleo favoreceu as ações do setor de energia, levando os índices acionários às máximas. No encerramento, contudo, as bolsas nos Estados Unidos caíram.Barril de petróleo atinge preço de US$ 63,22 A recuperação do petróleo foi o que ajudou a aliviar as perdas na Bovespa na parte da tarde de ontem, uma vez que amenizou o declínio das ações da Petrobras ? um dos fatores que pressionaram o índice local em baixa, tendo em vista a participação significativa dos papéis na carteira do Ibovespa. Mas o respiro da commodity não durou, bem como o seu efeito benigno sobre o mercado brasileiro. Na Nymex, o contrato de petróleo para dezembro fechou o dia a US$ 63,22, em queda de 1,45%. Depois do recorde de julho, quando o barril superou os US$ 147 em NY, os preços já recuaram à metade com o medo de uma baixa da demanda causada pela crise financeira internacional e pela apreciação do dólar.Na Bovespa, a ação PN da Petrobras perdeu 11,23% e a ON caiu 9,28%. Outra pressão de baixa veio das ações da Vale e de algumas siderúrgicas. Apesar da alta nos preços dos metais, notícias e relatórios desfavoráveis no que diz respeito à demanda afetaram os papéis.O australiano Macquarie Bank informou que siderúrgicas chinesas planejam mais cortes na produção de aço como conseqüência da forte redução das exportações. Ao mesmo tempo, o Citigroup reduziu suas projeções para a produção industrial em várias regiões do planeta, o que o levou a também revisar o crescimento da demanda por metais, entre outras commodities. Vale PNA caiu 8,21% e Vale ON recuou 9,39% ontem na Bovespa. Entre as siderúrgicas listadas no Ibovespa, Gerdau PN declinou 8,78%, Usiminas desvalorizou-se 4,81% e CSN ON perdeu 3,96%. (AE)Itaú e Bradesco anunciam lucro no terceiro trimestre O banco Itaú, a exemplo do Unibanco, fez ontem uma divulgação prévia dos seus resultados do terceiro trimestre. O lucro trimestral foi de R$ 1,8 bilhão, abaixo do ganho de R$ 2,428 bilhões registrado no mesmo período em 2007. Pelo conceito de lucro recorrente ? que não considera eventos extraordinários sobre o resultado, como por exemplo, a venda de um imóvel ?, o banco teve um ganho de R$ 2 bilhões.O rival Bradesco também divulgou seus números ontem, em caráter definitivo. O banco divulgou lucro de R$ 1,910 bilhão no terceiro trimestre, incremento de 3,2% sobre o resultado publicado em idêntico período em 2007. No acumulado de nove meses, a instituição financeira registrou um lucro de R$ 6,015 bilhões, um incremento de 3,4% sobre os ganhos de janeiro a setembro de 2007. (Da Folhapress)Empresas perdem cerca de R$ 1 trilhão em valorAções brasileiras desvalorizam quase 50% na BovespaDe São PauloAs empresas brasileiras com ações na Bovespa já perderam mais de R$ 1 trilhão em valor de mercado desde o início deste ano. Segundo estudo da consultoria Economatica, as ações das 330 companhias de capital aberto no País perderam 49,7% de seu valor até o dia 24 de outubro, passando de R$ 2,099 trilhões para R$ 1,055 trilhão. O setor de construção, composto por 30 empresas, foi o mais prejudicado, com queda de 72,3% do seu valor de mercado, saindo de R$ 53,1 bilhões no final de 2007, para R$ 14,7 bilhões no dia 24. O setor de Papel e Celulose é o segundo setor mais atingido, perdendo 67,7% do seu valor de mercado no mesmo período.Por outro lado, o as empresas de Petróleo e Gás tiveram a maior queda nominal no valor de mercado, perdendo R$ 231,9 bilhões desde o começo de 2007. Nessa base de comparação, o segundo setor com maiores perdas é o de Finanças e Seguros, com queda de R$ 223 bilhões, seguido pelas companhias de Mineração.Os três setores juntos respondem por 58,9% da queda de valor de mercado ou R$ 615 bilhões. O setor menos atingido é o de telecomunicações que no mesmo período apresenta queda de 23,5% do seu valor em ações. (Da Agência Estado)
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