27/10/08

Rio – O presidente da Vale, Roger Agnelli, disse, sexta-feira última, durante coletiva para apresentação dos resultados recordes da companhia no terceiro trimestre, que a expectativa é de que os últimos meses do ano não sejam ?tão brilhantes?. A empresa divulgou que seu lucro saltou 166% de julho a setembro, obtendo R$ 12,433 bilhões.
Para Agnelli, o último trimestre do ano será importante para ?botar a casa em ordem?. Ele ci-tou, entre outras medidas, a redução da produção de níquel nas plantas PT Incor, na Indonésia, e Dalian, na China. Agnelli reconheceu que a China está com muito minério estocado e que quando ela voltar a comprar as empresas venderão a preços mais baixos, mas ressaltou que a situação financeira da companhia não torna necessário vender seus produtos a qualquer preço.
?O mercado está passando por um ajuste muito severo. As empresas estão desovando estoques para fazer dinheiro. Mas nós podemos aguardar e não vamos vender a qualquer preço. Hoje estão todos priorizando a queima de estoque. No caso da China (o maior comprador da Vale), eles estão reduzindo a compra, porém estamos prontos para atendê-los assim que quiserem comprar. Por hora, eles vão comprar de quem vender mais barato. Então, que comprem?, afirmou, destacando que hoje a China vive o que ele chamou de ?um tranco muito forte?, que reduziu seu crescimento de 12% para algo de 7% e 9%. ?Por isso, vamos esperar; dar um tempo para depois conversar?, acrescentou.
Em contrapartida, a Vale, segundo Agnelli, não espera um calote em seus contratos de longo prazo com clientes chineses. Ele assegurou que não há esse risco e que a empresa investiu durante anos na China para atender a esses clientes e que, se for necessário, serão negociados prazos mais longos, além dos habituais.

elogios
Agnelli disse acreditar que o Brasil sairá melhor da crise e elogiou as iniciativas do governo de proteger o mercado e as empresas no país. Segundo ele, as grandes siderúrgicas brasileiras clientes da Vale não reduziram ou cortaram suas encomendas, somente as pequenas empresas de ferro-gusa reduziram os pedidos, mas não informou em quanto.
Para 2009, a Vale prevê investimentos de US$ 14,2 bilhões, principalmente em crescimento orgânico, ou seja, dentro do país e em pesquisa e desenvolvimento. Mas a empresa não descarta a possibilidade de aquisições, desde que estejam em linha com os projetos da companhia, afirmou o Agnelli.
Ele destacou ainda que somente no fim de 2009 a Vale poderá pensar em como ficarão os investimentos a partir de 2010.

O Estado do Maranhão