Paragominas deve movimentar R$ 30 milhões em feira agropecuária
18/08/08
Negócios
A 42ª Agropec é reflexo da parceria entre a prefeitura e a Vale no município
EDIVALDO MENDES
Correspondente em Castanhal
Paragominas encerra hoje a 42ª Agropec, a sua exposição agropecuária, com um volume de negócios que deve superar a casa dos R$ 30 milhões, entre leilões, vendas de equipamentos, caminhões, tratores, carros, fertilizantes e outros insumos agrícolas. Mais que isso, o evento mais importante do agronegócio do Estado fecha a feira com a sensação de que, apesar das críticas dos produtores em relação ao rigor das leis ambientais e fundiárias, e ao aumento excessivo dos insumos agrícolas, a região nordeste paraense está predestinada a cada vez mais se tornar uma grande potência na produção de grãos, de pecuária, na verticalização do setor madeireiro, através de um moderno parque moveleiro, e mais do que nunca na mineração, com o projeto de bauxita desenvolvido pela Vale.
Só a produção de grãos deste ano, principalmente de milho e arroz, teve um aumento de 18%. A pecuária se fortalece e se diversifica com o crescimento e melhoramento genético, fase bem representada pelos leilões de qualidade realizados na 42ª Agropec. No setor mineral, o principal efeito sentido no município é o crescimento da oferta de empregos na Vale.
José Flávio Alves, gerente de operações da Vale em Paragominas, disse que até o final deste ano o projeto bauxita vai ter 865 funcionários e, desse total, 65% representam mão-de-obra captada do mercado paragominense, das quais 90% serão preenchidas por paraenses. São engenheiros de diversas especialidades, administradores, técnicos e operadores. `Serão 865 empregos diretos e a mesma quantidade de indiretos, pela terceirização de serviços como o de alimentação, transporte e limpeza`, observa Flávio.
Desde sua fase de implantação, iniciada em 2003, até o início das operações de extração da bauxita, em abril do ano passado, a empresa já investiu cerca de R$ 45 milhões em obras de largo alcance social. Maior exemplo foram os R$ 30 milhões para a implantação do sistema de abastecimento de água na cidade de Paragominas. O prefeito não renovou o contrato de 30 anos de serviço que a Cosanpa mantinha, de forma precária, com a prefeitura, e hoje a população urbana conta com um dos melhores sistemas de abastecimento do Estado, obra que contribuiu decisivamente para a melhoria da qualidade de vida de mais de 90 mil habitantes.
O gerente geral de operações da mina, Jairo Leal, ressalta que, apesar da Vale considerar uma única diretriz no relacionamento com as prefeituras nas quais a empresa tem investimentos, a parceria com a Prefeitura de Paragominas deu certo.
QUALIFICAÇÃO
Morando uma cidade onde a economia girava quase sempre em torno da extração de madeira, Eliana Machado Fernandes, de 24 anos, paragominense de nascimento, teve que trabalhar de doméstica para ajudar sua mãe, dona Maria Benedita. Como a situação não melhorava, e ela resolveu ir para Belém, onde completou o Ensino Médio e arrumou emprego de cozinheira. Há cerca de quatro anos, seu irmão lhe telefonou avisando que a Vale havia colocado carros-sons nas ruas da cidade chamando os jovens para trabalhar no projeto bauxita. Ela não pensou duas vezes e retornou para sua terra natal, para o bairro Promissão II.
Ela ficou entre os 280 aprovados no concurso. Depois, passou quase dois anos se submetendo a um rigoroso processo de aprendizado e seleção para atuar nas diversas atividades que o projeto previa. Acabou sendo selecionada para dirigir pá mecânica e trator de pneu.
Eliana passou a ter carteira assinada e a receber em média R$ 1.600 mensais. `Dinheiro certo, sem atraso, todo mês. Quem souber fazer a coisa certa, vai conseguir construir uma vida, fazer sua casa, entrar numa universidade`, afirma Eliana. Antes de encarar uma universidade, Eliana já constrói seu futuro estudando inglês.
O Liberal – PA