Minério "inesgotável" em Minas
08/07/08
Técnicos do Ministério de Minas e Energia preparam novo mapeamento geológico.
A capacidade de exploração mineral do Estado parece inesgotável. Conforme especialistas do setor, técnicos do Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), estão preparando a realização de um novo mapeamento geológico do território mineiro. Segundo o geólogo baiano e empresário João Carlos Cavalcanti, até o momento apenas 10% do Estado foi devidamente mapeado, o que revela que ainda há muitas áreas para serem exploradas em Minas.A estimativa é de que o estudo ampliará ainda mais as reservas estaduais, que é o principal produtor do país e responde por quase a metade da produção nacional de minério de ferro. Apenas no ano passado, foram extraídas das jazidas mineiras, aproximadamente, 200 milhões de toneladas.Para o engenheiro de minas e consultor da Fundação Gorceix, Fernando Gomes, o Estado, que está vivendo um ciclo de aquecimento do setor, passará por um período de pujança ainda maior nos próximos anos, quando as pesquisas minerais que estão sendo realizadas resultarem em novas operações.A Fundação Gorceix é uma entidade de pesquisa e fomento de projetos minerais sem fins lucrativos, vinculada à Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), e está localizada no município, na região Central do Estado.Gomes lembrou que praticamente todas as grandes empresas do setor no Estado possuem projetos de expansão da produção, como a MMX Sudeste, controlada pela MMX Mineração e Metálicos e que envolve as antigas AVG, Minerminas e a recém-adquirida LGA. A mineradora pretende elevar a capacidade para 30 milhões de toneladas.Além desse empreendimento, há também os projetos de grandes grupos siderúrgicos, como o da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (Usiminas), que adquiriu a Mineração J. Mendes, que deverá atingir 27 milhões de toneladas em 2010, e o da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que ampliará a capacidade da gigante Casa de Pedra para cerca de 60 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.Projetos – O consultor afirmou que há também novos projetos entrando em operação. De acordo com ele, há vários grupos de capital australiano realizando pesquisa mineral no Estado e que, em breve, deverão entrar em operação. A principal novidade em Minas Gerais pode ser a entrada definitiva da BHP Billiton, maior mineradora do planeta e que também tem realizado trabalhos de pesquisa em território mineiro.Fora esses empreendimentos, há ainda as atividades da maior mineradora de minério de ferro do planeta, que é a Vale do Rio Doce (Vale) e tem o seu berço no Estado. Das cerca de 300 milhões de toneladas produzidas pela empresa no ano passado, mais da metade foi extraído no Sistema Sul, que são as jazidas de Minas. Somente a mina de Brucutu, localizada em São Gonçalo do Rio Abaixo (Central) e que tem capacidade anual de 30 milhões de toneladas, possui reservas estimadas em 750 milhões de toneladas.O presidente do Sindicato da Indústria Extrativa Mineral no Estado de Minas Gerais (Sindiextra), José Fernando Coura, já havia comentado sobre o surgimento de novas fronteiras minerais no Estado. Coura também já havia destacado que as atividades de mineração ainda acontecem apenas na superfície, tendo todo o subsolo para ser explorado. BRUNO MARQUES
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Apenas 10% do Estado está mapeado
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Conforme o geólogo baiano João Carlos Cavalcanti, conhecido no setor da mineração como “JC” e que deverá investir, juntamente com parceiros, US$ 60 milhões neste ano em trabalhos de pesquisa mineral no Estado, apenas 10% do território mineiro foi devidamente mapeado até o momento. “Ainda há muito o que descobrir. O Ministério de Minas e Energia está empenhado em fazer um estudo aprofundado”, afirmou.De acordo com ele, o setor da mineração em Minas ficou muito tempo focado no Quadrilatério Ferrífero e deixou de lado novas áreas, como o Norte de Minas, que surge agora como nova fronteira minerária no Estado.Na última quinta-feira, o Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi) confirmou a existência de uma mega-reserva de minério de ferro no município de Rio Pardo de Minas, no Norte do Estado. O volume estimado é de 10 bilhões de toneladas.De acordo com Cavalcanti, ele está envolvido com os trabalhos de pesquisa realizados na região. O geólogo é sócio do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, na empresa de prospecção e exploração mineral GME4. Ele também possui participação na Votorantim Novos Negócios, que é um braço do grupo Votorantim, mas que não tem relação com a Votorantim Metais.Menor teor – O empresário destacou que só nos últimos anos, quando houve o aquecimento da demanda mundial por commodities minerais e, conseqüentemente, a elevação significativa no preço do minério de ferro, os minerais ferrosos com menos teor de ferro passaram a ser economicamente viáveis.”Hoje, as melhores minas da China extraem minérios com 30% de teor de ferro. A maioria delas trabalha com minerais com cerca de 10% de teor. Aqui no Brasil, só agora estamos trabalhando com 30%. Antes, as áreas que possuíam minérios com esse percentual, considerados como resíduos, ficavam abandonadas”, afirmou.O empresário aposta na descoberta de novas reservas de minerais ferrosos em Minas. De acordo com ele, dos US$ 60 milhões que serão aplicados em pesquisas minerais no Estado, cerca de US$ 20 milhões serão empreendidos nos municípios de Guanhães (Vale do Rio Doce) e João Monlevade (Central). “Acredito que as áreas nesses dois municípios têm potencial para 300 milhões de minerais ferrosos”, afirmou.Conforme Cavalcanti, as operações nessas unidades deverão começar entre dois e três anos. “Tenho recebido constantemente proposta de investidores”, destacou. (BM)
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Novas fronteiras atraem os grandes grupos
Dos R$ 168 bilhões em investimentos que serão realizados em Minas Gerais, no período de 2003 a 2010, cerca de R$ 60 bilhões, ou 35% do total, são aportes destinados aos setores de mineração e metalurgia, segundo informou o sub-secretário de Estado de Desenvolvimento Minero-Metalúrgico e Política Energética, Paulo Sérgio Machado Ribeiro.De acordo com ele, entre os principais motivos para esse grande volume de investimentos, que já é maior do que o montante aportado em duas décadas anteriores a 2003, são os resultados do levantamento aerogeofísico que está sendo realizado pelo governo de Minas.Desde o começo do programa, que tem o objetivo de mapear 100% do Estado, pelo menos 34 empresas já se interessaram pelos estudos e adquiriram os levantamentos geológicos.O desenvolvimento do programa aerogeofísico é de responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). Os estudos têm o objetivo de encontrar ambientes geológicos onde haja fortes indícios de minerais.Os estudos realizados apontam apenas os indicativos dos minerais, que poderão ser confirmados em estudos mais aprofundados, como o mapeamento geológico que o Ministério de Minas e Energia (MME) tem intenção de realizar.Minas foi o Estado pioneiro neste tipo de levantamento geológico, seguido por Bahia e Goiás, que também implementaram o programa, conforme já havia informado ao DIÁRIO DO COMÉRCIO o diretor-executivo da Codemig, Marcelo Nassif.De acordo com ele, cerca de 37% do Estado já foi mapeado pelo estudo. As áreas já pesquisadas estão distribuídas em nove lotes, sendo que os seis primeiros foram realizados em 2001 e os lotes sete, oito e nove foram concluídos em 2006.O sub-secretário descatou ainda que o estudo é fundamental para o desenvolvimento econômico do Estado, pois nove das 10 principais empresas do Estado do setor de transformação são empresas ligadas ao segmento minero-metalúrgico. (BM)
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Diário do Comércio – MG