NEGÓCIOS: Anglo busca mais ouro em Sabará
04/07/08
Marta Vieira
Maria Tereza Correia/EM/D.A Press
Empresários do setor de jóias observam o marco inicial do pólo de gemas na Região Metropolitana
A multinacional sul-africana AngloGold Ashanti se prepara para iniciar no ano que vem a exploração da mina de ouro de Lamego, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde a mineradora já havia decidido intensificar as pesquisas em níveis mais profundos da reserva para avaliar o potencial de expansão dos seus negócios. O presidente da empresa no Brasil, Hélcio Guerra, afirmou ontem em Nova Lima, sede da divisão brasileira da companhia, que o projeto para Lamego vai contribuir nos planos de crescimento da AngloGold no país. ?O Brasil é uma das prioridades do grupo no mundo. As possibilidades aqui são bem percebidas pelos nossos acionistas?, disse o executivo, ao participar, ontem, da solenidade que apresentou o Pólo de Gemas e Jóias da Região Metropolitana de BH, a ser instalado na área desativada das minas Grande e Velha, exploradas por 174 anos em Nova Lima. Hélcio Guerra está trabalhando nos detalhes do plano de expansão da AngloGold Ashanti. O novo programa de investimetos deve ser concluído até meados de agosto. A AngloGold encerrou, no começo do ano passado, um ciclo de desembolso de US$ 210 milhões na ampliação de suas atividades na mina de Cuiabá, em Sabará, e na usina de tratamento de minério de Queiroz, na divisa com Nova Lima. A produção foi elevada em 36%, de 190 mil onças a 260 mil onças por ano. Quando a empresa retomou as pesquisas minerais na reserva de Lamego, a intenção já era aproveitar a infra-estrutura do complexo na região. A valorização dos preços do ouro no mercado internacional inaugurou um período de aquecimento da exploração no Brasil. O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) estima que os investimentos na extração do metal vão chegar a US$ 1,5 bilhão até 2010, informa Paulo Camillo de Oliveira Penna, presidente da instituição. ?O país tem um nível de produção ainda muito tímido, tanto é que estão sendo abertas frentes de exploração não só em Minas Gerais, como no Amazonas, Pará, Goiás e Bahia?, afirmou. Os preços do ouro subiram 243%, em média, do fim de 2001, quando o metal foi cotado a US$ 272 por onça troy (cada onça equivale a 31,1 gramas) a cotação de ontem (US$ 934). Neste ano, o metal passou de US$ 1 mil por onça troy em março. PÓLO JOALHEIRO Com um histórico de cerca de 200 anos de mineração de ouro, Nova Lima vai abrigar o primeiro arranjo produtivo de empresas de joalheria e lapidação da Grande BH, projeto orçado em R$ 30 milhões. A iniciativa foi lançada com adesão de 30 empresas do setor, que vão bancar os recursos nos próximos cinco anos e criar 300 empregos, informou Manoel Bernardes, dono da marca de joías que leva o seu nome e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Jóias de Minas Gerais (Ajomig). Numa área de 32 mil metros quadrados, as empresas vão compartilhar tecnologia, programas de capacitação de mão-de-obra e desenvolver design, além de medidas para abrir o mercado consumidor. ?Além da produção e lapidação, nosso objetivo é criar um pólo formador de mão-de-obra. Estamos fazendo um acerto de contas com a história?, disse o empresário, em referência à exploração desde o século XVIII de ouro no local. Oferta global da Vale é de R$ 20 bi A Vale apresentou ontem o montante de ações que pretende emitir em sua oferta global. Podem ser distribuídas até 256.926.766 ações ordinárias e 164.402.799 ações preferenciais hoje ou depois dessa data. A oferta total pode movimentar mais de R$ 20,5 bilhões. De acordo com comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o montante não inclui o lote suplementar. A concretização da oferta está sujeita às condições de mercado e à aprovação final da CVM. O Banco Credit Suisse atua como coordenador líder da operação. Os acionistas da Vale residentes no Brasil terão prioridade na compra das novas ações. A companhia também aponta que seu principal acionista, a Valepar, decidiu subscrever o número de ações ordinárias necessário para manter sua participação proporcional nas ações ordinárias após o aumento de capital. Atualmente, a Valepar detém 52,29% das ações ON da Vale, o que representa 31,89% do capital total. A holding controladora é formada por Previ, BNDES, Bradespar e a japonesa Mitsui. No comunicado, a Vale reafirma que utilizará os recursos líquidos da oferta para propósitos corporativos gerais, como financiamento do seu plano de investimento, aquisições estratégicas e aumento de flexibilidade financeira. Ontem, o presidente da mineradora, Roger Agnelli, confirmou o interesse da empresa em novas aquisições. ?Temos crescido. A companhia está em um momento muito bom e, claro, nós temos um balanço muito forte?, disse. ?Uma de nossas principais atividades é analisar oportunidades?, disse o executivo sobre potenciais aquisições, apesar de evitar comentários específicos. A Vale tem atuado mais agressivamente em outros metais além do minério de ferro nos últimos anos, na tentativa de diversificar suas receitas. Alguns relatos na imprensa têm divulgado rumores de que a Anglo American e a Alcoa poderiam ser potenciais alvos de aquisições. RIO TINTO Agnelli também informou que a Vale pretende se tornar mais ativa no setor de fertilizantes, citando a necessidade de bons fertilizantes para o aumento da produção mundial de alimentos. A companhia brasileira tem espaço para crescer em bauxita, alumina e alumínio, disse o executivo. A Vale é a maior produtora de minério de ferro do mundo e uma das maiores produtoras de níquel. A companhia também produz cobre, manganês, bauxita, alumina, alumínio e carvão. Os maiores competidores da empresa incluem a BHP Billiton, Rio Tinto e Anglo American. Também ontem, a BHP Billiton informou que autoridades de defesa da concorrência dos Estados Unidos liberaram a companhia para continuar com sua oferta não solicitada de aquisição da mineradora rival Rio Tinto, avaliada em US$ 170 bilhões.
Estado de Minas