Novas mineradoras caçam pessoal em MG
02/07/08
JANAÍNA OLIVEIRAREPÓRTERO superaquecimento do mercado está provocando uma briga quente entre mineradoras e siderúrgicas por profissionais do setor. Para atender à demanda em ebulição, elas têm investido na construção de novas plantas, usinas de pelotização e até de minerodutos em Minas Gerais e no Brasil. O problema é que falta gente qualificada para trabalhar. E a solução adotada por algumas companhias tem sido ½roubar? profissionais na porta do concorrente. Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Mariana, que representa também empregados de Catas Altas, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Caeté, São Gonçalo do Rio Abaixo, Rio Piracicaba, João Monlevade e Bela Vista de Minas, pelo menos 20 trabalhadores, em pouco mais de três meses, já trocaram as empresas de origem pela concorrência.½Somente a MMX e a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) já conseguiram levar da Vale uns 15 funcionários?, afirma o presidente do sindicato, José Horta Mafra Costa, que acredita que o movimento seja benéfico para o trabalhador. ½Com a inflação subindo desse jeito, a empresa vai conseguir conquistar o empregado pelo bolso. E quem ganha mais e tem melhores condições de trabalho sente-se mais estimulado?, diz Costa. Segundo ele, a procura efervescente também motivou cerca de 60% dos quase 6 mil trabalhadores que formam a base do sindicato a enviar currículos para a MMX, CSN e até para a Usiminas, que recentemente comprou a J.Mendes.½Há casos de engenheiros que ganham R$ 6,5 mil em uma empresa e vão para outra seduzidos por uma proposta ainda melhor, que inclui, por exemplo, maior participação de lucro?, detalha. Já um mecânico experiente, que recebe em torno de R$ 1,2 mil, pode chegar a ganhar até R$ 1,6 mil na companhia rival.Daniel Dantas, gerente geral do Projeto Minas-Rio da MMX, que inclui duas minas e uma unidade de beneficiamento na Região de Conceição do Mato Dentro, além de um mineroduto que transportará o minério por 525 quilômetros, passando por 32 municípios mineiros e cariocas, reconhece que a falta de mão-de-obra qualificada é um empecilho. E admite que a mineradora tem ido buscar trabalhadores nas empresas concorrentes. ½Atualmente, no Brasil, essa é a única forma de termos profissionais experientes na nossa equipe?, diz ele, ressaltando que engenheiros de minas e geólogos são os mais escassos.Para Dantas, a explicação para a caça aos bons profissionais passa pela ausência de atrativos na década de 90 e até após o ano 2000. ½Naquela época, o número de formandos nos cursos específicos da área de mineração, como engenharia de minas e geologia, era muito baixo. Muitos alunos optavam por interromper o curso e seguir outras áreas mais promissoras, como financeira, bancária ou de ensino. Alguns optavam por abrir seu próprio negócio. Quando me graduei, por exemplo, eram oferecidas 20 vagas para o curso de engenharia de minas na USP. Somente quatro alunos se formaram e, destes, apenas um colega e eu seguimos na profissão?, lembra.Com o bom momento atual, o assédio deve ser intensificado. Somente o projeto Minas_Rio vai gerar cerca de 10 mil empregos durante as obras. Para o mineroduto, serão contratados em torno de 2 mil trabalhadores. E após a conclusão, apenas em Minas Gerais, mil trabalhadores terão a carteira de trabalho assinada.Paralelamente, segundo o gerente geral da MMX, a mineradora também vem investindo na especialização de quem já pertence ao quadro de funcionários. ½Alguns de nossos profissionais fizeram curso na Austrália e freqüentemente visitam operações de mineração em países onde a atividade é tradicional, como Canadá, Estados Unidos e África do Sul?, conta.E como a contratação de trabalhadores que vivem próximos das operações faz parte dos planos, a mineradora assinou convênio com o Senai para oferecer cursos profissionalizantes na Região de Conceição do Mato Dentro, a partir do primeiro trimestre de 2009.Produção industrial recua 0,5%RIO – A produção industrial brasileira recuou 0,5% em maio, na comparação com o mês anterior, quando havia tido expansão de 0,2%, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, a produção industrial tem crescimento de 6,2%, na comparação com os primeiros cinco meses de 2007. Neste período, segundo o IBGE, houve crescimento em 20 dos 27 segmentos pesquisados. Na comparação com maio do ano passado, foi verificada alta de 2,4%. No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial tem crescimento de 6,7%.A Pesquisa Industrial Mensal demonstra que houve queda na produção em 16 dos 27 ramos pesquisados em maio, na comparação com abril, com destaque para o setor automotivo (- 5,5%%) e de máquinas e equipamentos (-4,7%). Por outro lado, os principais resultados positivos foram constatados nos setores de bebidas (9,1%), refino de petróleo e produção de álcool (3,3%) e outros produtos químicos (3,1%).Entre as categorias de uso, os bens de capital registraram queda de 4,9% na produção de maio, na comparação com o mês anterior. Os bens de consumo duráveis caíram 1,3% na mesma base de comparação. Os bens de consumo semi e não duráveis tiveram a principal variação positiva, com alta de 1,3% em relação a abril. A produção de bens intermediários subiu 0,3% na comparação com o mês anterior.Na comparação com maio do ano passado, houve incremento da produção em 15 das 27 atividades analisadas. A produção automobilística registrou expansão de 6,5% nessa base comparativa. Também avançaram as produções da indústria extrativa (7,2%) e outros equipamentos de transporte (24,2%). Apresentaram queda, na relação com maio do ano passado, as produções de fumo (-21,3%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (-9,7%) e calçados e artigos de couro (-12,9%).O coordenador de indústria do IBGE, Silvio Sales, disse que a queda de 0,50% registrada na produção industrial brasileira em maio ante abril ocorre após dois crescimentos consecutivos ante mês anterior. Segundo ele, os dados confirmam que ½a produção em 2008 está em nível elevado, mas com um quadro, ao longo do ano, de estabilidade?.Sales afirmou que o crescimento de 2,4% da indústria em maio ante maio do ano passado é ½bastante moderado? em relação aos demais resultados verificados neste ano ante igual mês do ano anterior, mas os dados de maio foram muito influenciados pelo menor número de dias úteis.
Hoje em Dia