24/03/08

O comportamento do preço das commodities deve seguir causando volatilidade no mercado acionário global. Após semanas batendo recordes de alta, os preços recuaram nos últimos dias e derrubaram as ações de empresas mineradoras e petrolíferas. O que o investidor busca, agora, é saber se a baixa das commodities foi apenas um movimento de correção ou se, de fato, reflete uma expectativa de demanda menor pelos produtos, graças a um desaquecimento da economia global. `Eu pessoalmente considero mais provável uma correção natural e saudável nos preços do que uma reversão de tendência`, avalia Alex Agostini, economista-chefe da consultoria Austin Rating. Para o economista, os preços subiram em demasia nos últimos 12 meses, além do natural, mas a queda nos últimos dias também tem um pouco de exagero. `Os preços para o setor de mineração, por exemplo, subiram 50% em 12 meses, até a terça passada, mas caíram para 42% nos últimos dias, ainda mantendo muito do ganho`, diz. `Muito do movimento ocorre por realização, o investidor não quer pagar para ver e realiza, mas a demanda global não se alterou em tão curto espaço de tempo.` No último pregão da semana passada, na quinta-feira antes do feriado de Páscoa, as bolsas tiveram um dia de forte instabilidade. No entanto, a idéia de que a crise pode se abrandar, graças ao esforço do Fed para injetar recursos no sistema financeiro, compensou nova queda das commodities. O índice Dow Jones subiu 2,16%, Standard & Poor“s 500 2,4% e Nasdaq 2,2%. A Bovespa subiu 0,27%, aos 58.987 pontos. No câmbio, o dólar segue recuperando espaço e subiu 0,70%, a R$ 1,733. A alta da moeda também está ligada à maior aversão por parte do investidor estrangeiro. `Com a queda no preço das commodities o investidor logo busca um outro ativo para colocar o dinheiro e o dólar foi o destino nos últimos dias`, avalia Francisco Carvalho, gerente de câmbio da corretora Liquidez. O investidor começa a semana, pós-feriado, com um olho no comportamento das commodities e outro em uma série de indicadores que será divulgada ao longo da semana. Hoje, saem dados sobre as vendas de casas usadas. Amanhã é a vez do índice de confiança do consumidor americano. Quarta-feira saem dados de bens duráveis e da venda de novas residências e, na quinta a última revisão do PIB americano de 2007. Sexta é a vez do indicador preferido pelo Fed, o chamado PCE ou índice ligados aos gastos pessoais. Após o corte de 0,75 ponto percentual no juro americano, para 2,25% ao ano, parte do mercado busca agora sinais que levem a pelo menos mais uma redução na taxa básica.

Gazeta Mercantil