Minério brasileiro atrai grupos internacionais
14/03/08
O mercado de direitos minerários no Brasil nunca esteve tão aquecido, e a tendência é de que os investimentos nessa área, antes quase exclusividade da Companhia Vale do Rio Doce, aumentem nos próximos anos. Atrás de minério ou carvão a baixo custo, siderúrgicas do porte da ArcelorMittal e Tata Steel voltam suas atenções para o Brasil, fazendo fila junto a outras como Global Steel, que quarta-feira anunciou assinatura de contratos para explorar minério no Brasil, e a importadora chinesa Sinosteel, que ontem também admitiu interesse em ter atividade no País. Weixian Zhang, representante da Sinosteel no 14 Congresso Mundial de Aço, afirmou ontem que a empresa poderá atuar sem parceiros em atividades de exploração de minério de ferro, níquel e manganês. Em visita ao Brasil também para o evento, o executivo da Tata Steel Amit Chatterjee disse que a empresa tem mantido conversas no País para possíveis projetos de siderurgia com a Vale no Pará, e que existe interesse também em mineração, mas que `assim como em outros lugares do mundo, o custo é que vai definir`. `Não temos ainda nenhum plano concreto no Brasil, mas é possível`, limitou-se a dizer Chatterjee quando perguntado sobre possíveis negócios no País. Também evitando confirmar a entrada da ArcelorMittal em território brasileiro para exploração do mineral, apesar da gigante ser apontada por especialistas como uma das mais ativas na busca de oportunidades, o presidente da ArcelorMittal Tubarão, José Armando Campos, preferiu generalizar. `A ArcelorMittal tem uma política mundial de procurar auto-suprimento no longo prazo em torno dos 75% das matérias-primas como um todo`, afirmou. De acordo com o consultor Cláudio Nassur, sócio da consultoria Cypress Associates, a investida das siderúrgicas na mineração está relacionada às altas margens que as mineradoras estão conseguindo com a venda de minério e carvão. `As siderúrgicas estão descendo na cadeia de valor… quando vêem que estão deixando com a mineradora uma margem altíssima, passam a pensar em internalizar esses lucros que as mineradoras vêm tendo.` Ele explicou que principalmente empresas indianas têm disputado bastante por direitos minerários no País, e brasileiras como a MMX estão focando regiões ainda pouco exploradas no Nordeste, que ele considera o próximo `Eldorado brasileiro`. `Eu tenho percebido o movimento dos indianos, eles também estão concorrendo bastante por essas áreas, mas ainda são muito incipientes, e tem um monte de gente especulando em cima desses direitos minerários, está uma coisa louca, irracional`, afirmou. Segundo ele, não são apenas as siderúrgicas que disputam direitos minerários no Brasil. As chamadas `juniors companys`, mineradoras especializadas em detectar áreas para empresas maiores, também estão crescendo, só que o foco maior é o ouro. `Essas empresas captam dinheiro no mercado, principalmente em Toronto, no Canadá, e vêm para o Brasil, Peru e Chile atrás de oportunidades` Segundo projeções do consultor, os investimentos em pesquisa no País devem passar de US$ 380 milhões em 2007 para US$ 500 milhões este ano, e ultrapassar US$ 600 milhões em 2009. Ele ressaltou no entanto que problemas de infra-estrutura e a pouca informação sobre as áreas podem retardar o desenvolvimento dos projetos.
Gazeta Mercantil