Falta de logística inibe crescimento
26/02/08
A indústria goiana se baseia nos bons resultados verificados em 2007 para fazer uma projeção positiva para o ano que se inicia. As expectativas do empresariado são boas em todos os sentidos e, principalmente, no tocante à produção, empregos, massa salarial e vendas, o que gera um ciclo virtuoso para a economia, que deve crescer cerca de 6% este ano. Um exemplo desse bom desempenho é o balanço de empregos criados pelo setor. Só no ano passado, a indústria goiana gerou 18 mil novos postos de trabalho; está a cada ano agregando mais valor à produção, ampliando a participação no bolo das exportações brasileiras e aumentando a contribuição goiana para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Não é à toa que o Estado ocupa hoje a posição de nona economia do País e tem tudo para crescer ainda mais, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Paulo Afonso Ferreira. Segundo ele, entre os segmentos que devem ganhar maior destaque este ano estão a mineração, o agronegócio ? com os grãos ?, a carne e o etanol, as indústrias de medicamentos e automobilísticas. Todas elas estão colhendo os resultados dos investimentos feitos em inovação tecnológica e ampliação das suas plantas industriais. Nem por isso o setor vive num mar de rosas, afirmam empresários e representantes de associações e federações da indústria em Goiás. A elevada carga tributária, a falta de infra-estrutura e de logística, o excesso de burocracia e a alta taxa de juros, aliados à ineficiência e falta de planejamento do poder público, dificultam o crescimento da economia, das empresas e desestimulam investimentos do setor.A distância de Goiás dos grandes centros consumidores, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, entre outros (mil quilômetros, em média), exige a viabilização de um modal de transporte mais adequado, frisa o presidente da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), Alberto Borges de Souza. A conclusão da Ferrovia Norte-Sul e a duplicação da rodovia que leva até Uberlândia ? de lá até o Estado de São Paulo, já duplicada ? facilitariam o escoamento da produção para dentro e fora do País através do Porto de Santos, completa. Também por esse fator, na opinião da Adial, o ano de 2008 não será ainda melhor. A falta de infra-estrutura e o excesso de tributos vão pesar no balanço das empresas, acredita Alberto Borges. Entre os desafios a serem enfrentados, destaca-se a globalização, que exige aumento na produtividade, na qualidade, mão-de-obra qualificada, investimento em inovação tecnológica e conhecimento de mercado. ?As empresas precisam qualificar seus recursos humanos, modernizar sua gestão e aprender a negociar numa economia globalizada, em que tanto as oportunidades como a concorrência vêm de todos os lados?, aponta Paulo Afonso. A competitividade no mercado global é acirrada, classifica. ?Eles (os países) criam barreiras que não existem e dificultam nossa entrada ou permanência no seu mercado. Para elevar as exportações, precisamos vencer todas as barreiras e apelar não para o bairrismo, mas para uma ?goianidade? para enfrentar essa dura realidade?, revela o presidente da Fieg. Diante deste cenário econômico, cada entidade elege suas prioridades para 2008 tendo em vista o crescimento industrial e o aumento da produção, vendas, emprego e renda no Estado. A Adial tem pela frente não só uma meta, mas um compromisso assumido com o governador Alcides Rodrigues de viabilizar a instalação de 28 novos empreendimentos no Estado até o final do governo, em 2010. Outro desafio da associação é acompanhar a Reforma Tributária e trabalhar no sentido de evitar que ela retire benefícios que fomentaram o crescimento de Estados, a exemplo de São Paulo no passado, e que hoje contribuem para a industrialização do Estado de Goiás. ?Precisamos criar um clima positivo para os investidores?, pontua Alberto Borges. De acordo com a Fieg, um choque de gestão pública seria a solução de muitos dos problemas enfrentados pelo setor produtivo no Brasil. A ineficiência do governo em oferecer o básico como Saúde, Educação e Segurança para a população acaba transferindo essa responsabilidade para o setor produtivo. ?A população também precisa se conscientizar do seu papel no contexto social e se responsabilizar mais pela coisa pública.? Dessa forma, o recurso que seria utilizado na reforma ou substituição de objetos danificados por atos de vandalismo, por exemplo, poderia ser empregado na redução das desigualdades sociais.
Diário da Manhã – GO