26/02/08

O desaquecimento da economia mundial pode ajudar o Brasil a eliminar gargalos na área de insumos, segundo o consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida. Hoje, diante da forte atividade econômica internacional, diz ele, há fila de espera e custos altos para comprar máquinas e equipamentos pesados, especialmente nas áreas de mineração, portos e celulose. Por isso, o freio global ajudaria as empresas que querem investir no Brasil e enfrentam hoje esse problema.? O Brasil está acelerando investimentos e poderia até ser prejudicado pela falta de equipamentos. Mas não acho que isso vá acontecer de forma significativa pois a retração mundial vai fazer com que os atrasos na encomenda de equipamentos fiquem menores ? disse.Segundo o Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos do Bradesco, em 2007, 558 empresas anunciaram investimentos no Brasil, totalizando R$ 546,1 bilhões até 2022. Em relação a 2006, o crescimento é de 36,4% no número de companhias com interesse em investir no país.? As empresas sempre podem reavaliar seus investimentos, mas não vejo hoje nenhum grande gargalo que possa prejudicar esses planos no Brasil.De acordo com o trabalho do Bradesco, no setor de petróleo e derivados, os investimentos devem atingir R$ 265 bilhões. Mineração e siderurgia tiveram a segunda maior participação no investimento total, com R$ 86 bilhões.Meirelles: infra-estrutura é ?prioridade nacional? Para Almeida, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a falta de mão-de-obra qualificada também pode ser um problema para alguns setores, como construção civil, mas não ameaça de forma grave os investimentos, já que as empresas vêm apostando em treinamento e qualificação.Já o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o grande desafio para o Brasil é aumentar os investimentos em infra-estrutura. Ele se reuniu com 70 empresários e investidores europeus e americanos na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris.? O Brasil passou algumas décadas com taxas de crescimento muito baixas. Há todo um esforço liderado pelo governo de investimento em infra-estrutura.É um desafio importante. Uma prioridade nacional.

O Globo