Quero a minha parte no minério de ferro de Minas
27/08/09
Amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), engrossou ontem o coro dos colegas do Rio, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Paulo Hartung , e criticou a proposta divulgada pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que prevê mudança na distribuição de royalties do petróleo da camada pré-sal. Déda disse que a discussão transformou-se em “rede de intrigas” e até os Estados distantes do pré-sal começam a se incomodar. “O ministro Lobão precisa compreender urgentemente que petróleo é subterrâneo, mas a discussão não pode ser subterrânea: ela tem de se dar à luz do dia, envolvendo todos os governadores”, disse Déda, que não foi convidado pelo governo para nenhuma reunião sobre o assunto. As estocadas do petista não pararam aí: ele também alfinetou o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), que defendeu a distribuição dos royalties para todos os Estados. “Se Aécio quer compartilhar os royalties, eu também quero minha parte no minério de ferro de Minas”, provocou Déda. “Será que o doutor Aécio vai me dar?” Sem saber das declarações do petista, Aécio afirmou que o critério de repartição dos recursos deve levar em consideração a renda per capita e os indicadores de pobreza. “Podemos definir um novo marco regulatório no País, ampliando os investimentos da saúde e da educação”, sugeriu o tucano. Sergipe está longe do pré-sal, mas é o quarto produtor nacional de petróleo e arrecada R$ 150 milhões por ano com royalties. Para Déda, o conceito de royalty não pode ser encarado como “instrumento de distribuição universal dos resultados”, já que os valores beneficiam apenas Estados e municípios próximos das jazidas. Na terça-feira, Lobão esteve em Vitória para jogar água na fervura provocada pela ameaça dos peemedebistas Cabral e Hartung de não comparecer à cerimônia do próximo dia 31, na qual será anunciado o novo modelo de exploração do petróleo. Cabral chegou a chamar de “assalto” o projeto em estudo para mudança dos royalties. Lula quer transformar o pré-sal no grande trunfo político da provável campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência, em 2010, e espera contar com o apoio de todos os governadores, até mesmo da oposição. Cabral, Hartung e Déda, porém, são aliados do Planalto e estão descontentes com a proposta. Na avaliação de Déda, Lula precisa tranquilizar os Estados. “Não queremos ser convidados para tomar conhecimento de um fato oficial”, insistiu ele.
O Estado de S.Paulo