Ferrous toca projetos do porto e mineroduto
27/08/09
Há poucos dias, a coluna mencionou a cautela do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) e siderúrgicas no trato com a onda da ?retomada? da economia brasileira dentro do atual cenário da crise mundial. E que isto não era compartilhado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que mantinha na pauta os megainvestimentos que o setor sustentava até meados de 2008.
Mas não se pode estender às mineradoras a postura do Ibram, que realizará seu seminário internacional, mês que vem, em Belo Horizonte. Isto ficou evidente na entrevista, ontem, do diretor-executivo da Ferrous Ressources do Brasil, Robert Graham, para a coluna. Quando a crise atingiu o apogeu, em setembro de 2008, a Ferrous também, pisou fundo no freio da produção de minério de ferro. Mas manteve o ritmo da engenharia (básica, de detalhamento etc.) e outras atividades burocráticas como licenciamento ambiental para os projetos de um porto próprio em Presidente Kennedy, litoral Sul do Espírito Santo; mineroduto (420 km), ligando o complexo da Mina da Viga, em Congonhas (MG), e usina de beneficiamento.
Controlada por fundos da Inglaterra, Austrália, Estados Unidos e outros países, a Ferrous prevê gastos de US$ 2,7 bilhões a US$ 3 bilhões para implantar seu porto privado com prioridade às cargas dedicadas de minério de ferro (granulado e pellets – mas aberto a cargas gerais), mineroduto e a unidade de beneficiamento. Na primeira fase, quer atingir a capacidade para 25 milhões t anuais de minério (2014) nas minas de Congonhas (Viga e Viga Norte), Brumadinho (Esperança e Serrinha) e Itatiaiuçu (Santanense). Os projetos não pararamAs unidades pellets e siderurgia ainda não foram definidas. Com os projetos dos minerodutos da Ferrous e da Anglo Ferrous (ligação com o porto de São João da Barra, no Estado do Rio), Minas passará a ter três dutoviários no setor. Em operação já existe o da Samarco, de Mariana a Anchieta, mesma região do projeto da Ferrous Ressources.
?A observação que faço é que não podemos falar em ?retomada? de projeto (mina-mineroduto-porto). Principalmente porque, neste ano, o projeto não parou. Continuamos com o nosso trabalho de consultas e de desenvolvimento da engenharia dos projetos das minas, do mineroduto e o porto de Presidente Kennedy?, ponderou Robert Graham.
A Ferrous, a princípio, fará emissão de novas ações para captação dos recursos. Mas não descarta a possibilidade da contratação de capital de terceiros. O maior acionista individual (menos de 24%) é o Harbinger Capital Partners, fundo de Nova York.Sem produçãoA Ferrous foi constituída há pouco mais de dois anos. Com o agravamento do mercado de minério, a produção do complexo da Mina Esperança (maior volume era com a retirada finos de minério, que no passado era ?rejeito?) foi interrompida.PrazosO diretor da Ferrous prevê que os investimentos desta fase serão concluídos até meados de 2013. A operação a plena capacidade ? ao final do comissionamento dos equipamentos ?, ocorrerá em 2014. Por áreasPara ter o completo todo operando com capacidade para 25 milhões t/ano, a mineradora aplicará US$ 1,3 bilhão nas minas e instalações de beneficiamento e US$ 800 milhões no mineroduto. Prioridade O porto terá prioridade no cronograma inicial construção e montagem dos equipamentos. Mas o mineroduto será iniciado logo em seguida. O ponto alto das três frentes acontecerá por volta de meados de 2011.Tecnologia ?Grande parte será brasileira?, responde cauteloso o diretor- executivo da Ferrous, quando consultado sobre a tecnologia que será implantada no complexo, principalmente de beneficiamento. Sem garantias?Vamos comprar (tecnologia) a preços competitivos?, frisou Robert Graham, deixando entender que não há garantia absoluta que os fabricantes nacionais de bens de capital terão a maioria das encomendas. Planta-pilotoSalienta que, junto à Mina Esperança, a empresa desenvolve o projeto de uma planta-piloto para beneficiamento e, depois, pelotização de minério. Esta planta será concluída em 2010. Em paralelo, a Ferrou cria um laboratório de análise. As duas unidades são voltadas para o tratamento de itabiritos.CâmbioAinda com relação à compra de equipamentos, o executivo deixa entender que, no momento, o câmbio dá competitividade aos fabricantes internacionais. ReservasAs lavras de concessão da Ferrous apresentam reservas totais medidas (incluindo potencial geológico) de 4,5 bilhões t de minério de ferro. O teor médio de ferro é de 35% por tonelada, contou Robert Graham. Observou, porém, que essas áreas não foram totalmente pesquisadas e admitiu que a empresa ?continua, sempre, buscando oportunidades (aquisição de outras minas)?. Pellets e açoRobert Graham não deixou perguntas sem respostas. Mas era nítido que alguns temas não queria tratar por agora. Nestes itens estão a usina de pelotização e a provável siderúrgica, que ficariam também em Presidente Kennedy, de acordo com áreas do Governo do ES. US$ 5,5 bilhõesCom as duas unidades ainda não definidas, os investimentos na área portuária iriam aos US$ 5,5 bilhões. cautelaOs empregos na área capixaba, então, seriam ao redor de 5 mil. Apenas no porto, na segunda metade de 2010, já 3 mil pessoas ocupadas. ?Não queremos falar em empregos, para não gerarmos expectativa e corrida?, explicou.Nas minasNas Minas Esperança e Serrinha, até o primeiro trimestre deste ano, a Ferrous empregou ? entre pessoal próprio e terceirizado ? ao redor de 700 pessoas.
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