Vale volta a crescer no Japão e Europa
29/07/09
RIO – As vendas de minério de ferro da Vale para outros países além da China praticamente dobraram em relação ao que eram no segundo trimestre, informou o diretor executivo de ferrosos da Vale, José Carlos Martins. Segundo o executivo, a demanda de minério do Japão, Coreia e Europa, apesar de se manter ainda em níveis baixos, ” dobrou ” depois de cair 70%. ” Só as vendas no Brasil chegaram a cair 65% nos últimos meses ” , disse Martins, comemorando a retomada.Em relação a China, que continua comprando entre 50 milhões a 55 milhões de toneladas de minério de ferro ao mês no mercado transoceânico, o diretor executivo da mineradora afirmou que as usinas chinesas ainda não aceitaram oficialmente os desconto de 28,2% para o minério fino da Vale e de 33% para o dos australianos.Martins relatou, porém, que algumas usinas de aço chinesas estão aceitando, provisoriamente, operar com esses preços de referência de 2009, já consagrados em negociações com siderúrgicas da Europa e da Ásia. ” Existem usinas operando no ? benchmark ? (preço fixo com desconto) brasileiro e australiano. ” Enquanto outras, destacou, preferem comercializar no mercado livre, onde o preço vem subindo e já está acima de US$ 90 a tonelada no mercado chinês. ” O que vigora hoje na China é um mix de sistemas de preço, benchmark e mercado livre ” . Para ele, ” a China é uma realidade a ser construída ” .Notícias vinculadas por agências internacionais dão conta de que a Vale vem resistindo às exigências chinesas de um corte recorde dos preços, num momento em que o setor siderúrgico se recupera de seu maior colapso desde a Segundo Guerra Mundial. O CISA (a Associação Chinesa de Ferro e Aço) pressiona por um corte de 42% no preço do minério este ano. Recentemente, o presidente da Vale, Roger Agnelli, afirmou que não concederá descontos maiores aos clientes chinesas.Martins confirma o quadro de forte recuperação de preço, não só das commodities de maneira geral, mas também do aço. ” Enfrentamos uma crise a partir de setembro (de 2008) sem precedentes. Houve um ajuste muito forte para baixo. A recuperação atual está se dando em níveis razoáveis em termos de produção e de preços. Houve muita desestocagem no período. Temos agora um quadro menos tenebroso ” , afirmou o diretor da Vale.Com base nesse cenário, a Vale conduz sua política na área de siderurgia. Martins admite que não há nenhuma grande mudança estratégica em relação a construção de novas usinas por parte da Vale. Mas, o processo de verticalização das siderúrgicas exigiu que a Vale ” forçasse um pouco mais o passo e assumisse mais iniciativa nessa área estratégica ” . Ele admite que a mineradora brasileira está criando mercado futuro para o consumo de minério dentro do país.O executivo confirmou que a companhia tem hoje, além da CSA, mais três projetos de novas usinas em andamento – siderúrgica de Pecém, no Ceará; a de Marabá, no Pará; e mais uma no Espírito Santo. A política atual da Vale, para evitar problemas com seus futuros sócios, é de desenvolver o projeto, incluindo aí escolha do terreno e licenças ambientais, e depois buscar parcerias.Martins, ao comentar as críticas de analistas de que pagou preço ” salgado ” para aumentar sua participação na siderúrgica CSA, da ThyssenKrupp, em construção no Rio, garante que ” a Vale sabe fazer contas e que toma todos os cuidados para que este tipo de operação seja positiva para seus acionistas ” .O diretor da área siderúrgica da Vale, Aristides Corbellini, chamado para dirigir essa área de negocio na companhia quando deixou o projeto da CSA, disse que dispõe de uma equipe de 25 especialistas saídos de grandes siderúrgicas para tocar os empreendimento de novas usinas da mineradora. ” Estamos trabalhando com a ? inteligência ? da siderurgia brasileira ” .(Vera Saavedra Durão | Valor Econômico)
Último Segundo / Valor Online