40 cidades saem do mapa das exportações
20/07/09
O estrago provocado pela crise financeira mundial nas vendas das indústrias da mineração, produtos siderúrgicos e laticínios sacrifica mercados tradicionais da exportação de municípios em todo o estado. No primeiro semestre deste ano, 40 cidades de Minas deixaram o mercado internacional, entre grandes exportadoras a exemplo de Congonhas e São Gonçalo do Rio Abaixo, na Região Central, e localidades como Rio Casca e Ponte Nova, conhecidas pela fabricação de derivados de leite. O balanço do comércio mineiro com o exterior só não foi pior porque outros 23 municípios conquistaram clientes fora do país, dos quais nove contabilizaram vendas externas pela primeira vez, segundo balanço divulgado ontem pela Central Exportaminas, instituição vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico.A receita das exportações mineiras somou US$ 9 bilhões no primeiro semestre, representando queda de 14,8% em relação ao ano passado, quando 238 empresas participaram do comércio internacional. O resultado seguiu a tendência no país, que enfrentou recuo maior, de 22,8% no período analisado, observa Jorge Duarte Oliveira, diretor da Central Exportaminas. ?Assim que a demanda internacional se recuperar, é possível que diversos desses municípios voltem a exportar, mas esse ritmo vai depender do fôlego das empresas?, afirma.A redução das vendas externas de Minas foi reflexo, principalmente, do mau desempenho da Região Central do estado, responsável por 54,7% do total exportado. É nessa porção de Minas que se concentra a extração do minério de ferro, principal produto do comércio do estado com o exterior. Outro destaque foi a forte retração das vendas de ferronióbio de Araxá, no Alto Paranaíba, que levaram a um corte de 50,6% das exportações da região. O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Vargas Penna, diz que as perspectivas de recuperação do setor são positivas, mas a volatilidade do mercado impede projeções quanto ao desempenho das exportações este ano.?Há sinais de melhora, mas não temos garantias?, afirmou. O prefeito de Congonhas, Anderson Costa Cabido, concorda com o executivo e informa já ter observado sinais de melhora na arrecadação da Contribuição Financeira pela Exploração Mineral, naco importante da receita da cidade que minguou cerca de 40% depois do abalo nas bolsas de valores do mundo, em setembro do ano passado. ?Notamos aumento da produção de minério e a Vale nos comunicou que vai retomar a produção de pelotas de ferro na cidade nos próximos meses?, afirma. A mineradora garantia a presença de Congonhas no mapa das exportações de Minas. A cidade abriga, ainda, a Mina Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional, que vende toda a sua produção no mercado interno.Como o minério de ferro, a sacrificada produção de ferro-gusa (matéria-prima da fabricação de aço) afetou a exportação de municípios do Centro-Oeste de Minas. É parte da explicação para a retirada de Carmo do Cajuru, cidade também conhecida pela produção de móveis, da lista dos municípios mineiros exportadores. Metade da produção do setor é destinada ao mercado internacional, lembra o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer), Paulino Cícero Vasconcellos.?As cidades mineradoras e os municípios que sediam indústrias de gusa foram muito prejudicados pela queda mundial da demanda por commodities (produtos com preços cotados no exterior). Em Carmo do Cajuru, por exemplo, a crise chegou aos alto-fornos, mas não atingiu os fabricantes de móveis, que dependem do mercado interno?, comparou. Segundo ele, mesmo com os sinais de recuperação, a indústria mineira do ferro, com 25 dos 106 altos-fornos em operação, deve produzir cerca de 1,5 milhão de toneladas em 2009, contra a média histórica entre 4,7 milhões e 5,2 milhões de toneladas. O secretário de estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gilman Viana Rodrigues, diz que o leite saiu da plataforma das exportações, em função de preços extremamente deprimidos, até mais que os da carne. ?Os países desenvolvidos são os maiores parceiros do Brasil na importação dos nossos alimentos e eles têm sofrido muito com a crise, mas há sinais de reação?, afirma. O cenário para o retorno dos municípios mineiros ao exterior é que não está claro.
Estado de Minas / Superávit – MG