15/07/09

Uma espécie de MIT (Massachusets Institute of Technology) brasileiro. É assim que o recém-criado Instituto Tecnológico Vale (ITV) quer ser conhecido daqui alguns anos. Com um objetivo tão ambicioso e um longo e complexo caminho pela frente, o departamento que coordena ações de ciência e tecnologia da empresa deu seu primeiro passo: distribuiu 84 bolsas de estudo de mestrado e doutorado, em um investimento total de R$ 4 milhões.
Lançado no fim do ano passado após três anos de planejamento, o ITV tem como missão tratar de temas estratégicos ligados ao desenvolvimento e ao futuro da companhia, como mineração, energia e biodiversidade. “A intenção é estimular a produção científica de excelência, promover a pós-graduação e a qualificação das instituições de ensino e pesquisa no país. Para isso deve haver interação entre empresa, universidades e agências do governo. É um projeto de longo prazo”, diz Luiz Mello, diretor do ITV.
Todos os contemplados são estudantes da Universidade Federal do Pará, região onde a Vale atua mais intensamente. Eles tiveram suas teses selecionadas por meio de um comitê formado por diretores da empresa em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedetec) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa).
De acordo com Mello, embora haja muito material nas áreas de engenharia e geologia, nem todos os projetos estão diretamente ligados com os negócios da Vale. “Escolhemos os que tinham excelência acadêmica e que se mostraram mais relevantes para o desenvolvimento econômico da região”. Isso engloba trabalhos ligados a ciência da computação, ecologia aquática, genética, neurociência, biologia molecular, botânica, física entre outros.
O diretor explica que há várias maneiras de aproveitar o conteúdo e o conhecimento que forem produzidos nos estudos. “Os projetos serão transformados em artigos e relatórios científicos. Estaremos monitorando isso e, em caso de patente, poderemos contratar o bolsista ou ter prioridade para implementar a ideia”, afirma.
O ITV pretende oferecer bolsas anualmente e já prepara um novo edital para este segundo semestre, que será aberto a projetos de pesquisadores de qualquer instituição brasileira. Outras iniciativas ainda para 2009 são apoiar a instalação de empresas de base tecnológica e fortalecer a troca de experiências entre todos os estados e países onde a empresa está presente.
O diretor afirma que a Vale possui diversos centros de inovação espalhados pelo Brasil e pelo mundo, mas que atuam de forma independente. “Nosso próximo passo será construir uma sede física para o ITV. Isso nos permitirá centralizar as ações de tecnologia e pesquisa do grupo, alavancar parcerias e integrar com mais eficiência a empresa com a comunidade.”
O mais importante, na opinião de Mello, é que o projeto está sendo apoiado pela sociedade e pelo governo. “Claro que para chegar a ser um MIT são necessários anos de investimentos e dedicação. A primeira semente, no entanto, já foi lançada”, diz.

Valor Econômico