No Pará, exportações de ferro e alumina salvaram o quadrimestre
20/05/09
O minério de ferro (hematita) e a alumina salvaram a balança comercial paraense nesse primeiro quadrimestre, quando o valor exportado dos dois produtos cresceu 119,75% e 7,11%, respectivamente, em comparação ao mesmo período do ano passado. Juntos, esses minerais são responsáveis por 64,76% das exportações paraense. Por conta disso, a balança registrou saldo positivo de 2,82%, melhor do que aquele verificado no primeiro trimestre do ano, que ficou em -5,03%. As vendas dos produtos paraenses ao exterior também alcançaram uma variação de crescimento de 7%, se comparado ao mesmo período de 2008.
Mesmo com os resultado positivos, no entanto, não se pode dizer a crise já é passado no Pará. Para se ter uma dimensão de como ela ainda reflete significativamente na balança, dos 24 produtos da pauta de exportação, 19 continaram apresentando queda nas vendas ao exterior de janeiro a abrill. Destaque para alumínio e derivados (-33,32%), ferro-gusa (-52,41%), minério de cobre (-53,18%), madeira (-56,63%), pimenta (-35,75%) e peixes (-44,95%). Os dados foram divulgados ontem, pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa).
A balança mostra que suco de frutas (118,07%), bovinos vivos (35,83%) e carnes de bovinos (13,48%), também tiveram reajuste positivo. No entanto, juntos, esses produtos representam apenas 5% de toda a balança, sendo que somente a participação dos bovinos vivos é de 4,17%.
“No primeiro quadrimestre nós fomos salvos mesmo pela hematita e pela alumina. A retomada nas vendas desses dois produtos para o mercado asiático conseguiu manter a balança superavitária. Eles registraram um crescimento muito grande. Nossa expectativa é que outros produtos também voltem a reagir, mas é preciso resolver alguns gargalos internos também, como o problema em relação a licença ambiental, que atinge as madeireiras”, disse Raul Tavares, gerente do CIN.
Os dados da balança mostram que a hematita, cuja a participação na balança é de 53,23%, somou, de janeiro a abril, US$ 1,464 bilhão, contra os US$ 666 milhões registrados no mesmo período do ano passado. No caso da alumina e óxidos, o valor exportado subiu de US$ 296 milhões para US$ 317 milhões. Graças a isso, os minerais sofreram crescimento de 17,08% no primeiro quadrimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2008. Todos os outros produtos do setor continuaram enfrentando queda.
De acordo com Alberto Rogério da Silva, consultor do Instituto Brasileiro de Mineração da Amazônia (Ibram/Amazônia), hematita e alumina estão reaquecendo por conta, principalmente, da retormada das compras pela China. Quanto aos outros, o consultor diz que eles devem continuar em queda. “É a crise. Aquela famosa marolinha do presidente Lula, que se tranformou em um tsunami. Acho que só com o tempo é que deveremos ter uma reação. O grande problema é quanto tempo, afinal, teremos que esperar. Eu estou achando que só no ano que vem é que a venda dos outros produtos para o exterior voltará a crescer”, revelou Alberto.
IMPORTAÇÃO
Já as importações, mesmo com resultado positivo, começam a sofrer desaceleração. Enquanto no primeiro trimestre as compras de produtos importados alcançaram variação de 52%, em abril a média caiu para 39%. As fibras têxteis (-57,14), o trigo (-57,56), fertilizantes e adubos (-86,63) foram os principais itens que registraram queda na pauta de importação paraense.
Para Raul Tavares, essa desaceleração das importações é conseqüência, de um conjunto de fatores, dentre os quais, a recente valorização do dólar e a baixa produção local, o que implicou na baixa de estoques, provocando um momento de freio nas negociações com outros países. Raul também apontou o alto custo operacional dos portos paraenses para a importação. “A logística da importação é muito cara. Os custos podem ser mais baixos se forem aliados à exportação. Assim seria possível a redução do frete, porém sem as exportações em alta, reduz essa possibilidade. Logo, muitos dos nossos produtos importados acabam sendo comercializados com traiders do sul e sudeste. Entrando por essas regiões, eles são registrados e entram no Pará não mais como produtos importados”, explica.
Agora, com o dólar em queda novamente, o gerente do CIN prevê que a tendência seja nova alta das importações, seguindo ainda a instabilidade do mercado global, abalado pela crise economia que se instalou nas principais potências mundiais.
Para a Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), focar a produção no mercado interno é a principal saída para minimizar os impactos dessa crise e fazer com que a economia paraense se torne menos vulnerável à instabilidade econômica. Porém, a produção paraense, fora os minérios, tem uma demanda local que precisa ser melhor explorada. Com o objetivo de chamar a atenção para isso, a FIEPA promoverá no período de 27 a 30 de maio, no Hangar, a IX FIPA, Feira da Indústria do Pará, considerada a maior vitrine de produtos paraenses.
Para esta próxima edição da feira mais de 100 expositores apresentarão as novidades que vem sendo produzidas no Estado. A expectativa da coordenação do evento é que a média de público da IX FIPA supere a da última edição, de 35 mil visitantes.
De acordo com o coordenador da FIPA, Ivanildo Pontes, os expositores deste ano acreditam que o evento será palco para se estabelecer novos negócios. “Alguns setores que direcionavam sua economia para a exportação, estão invertendo a lógica de comércio para o mercado interno. Dessa forma, a FIPA atende a expectativa desses empresários, consolidando as vendas feitas aqui mesmo no estado. Vale destacar que o objetivo principal do evento não é fazer negócios. Organizamos a feira para apresentar à sociedade o que está sendo produzido em solo paraense. Possíveis negociações é conseqüência do sucesso dos estandes e produtos apresentados durante os quatro dias de evento”, analisa o coordenador da feira.
O Liberal – PA