Agnelli: mudança para mercado à vista seria indiferente para Vale
11/05/09
O presidente da Vale, Roger Agnelli, informou há pouco que a mudança do sistema de preços do minério de ferro seria indiferente para a mineradora. No momento, o mercado discute a possibilidade de migração do sistema de contratos anuais, conhecido como benchmark, para o mercado à vista. “Se o sistema benchmark for mantido, ótimo. Se o mercado spot prevalecer, ótimo também. Nosso cliente vai decidir”, afirmou o executivo em teleconferência com analistas. Segundo ele, a adoção do mercado à vista não seria negativa para a Vale porque a relação entre oferta e demanda de minério está apertada. “Qualquer retomada da Europa vai significar aumentos dos preços”, disse.
Agnelli acredita, no entanto, que o tradicional sistema benchmark é melhor para o setor siderúrgico porque aumenta a capacidade de prever os gastos com insumo e reduz a volatilidade do negócio. O presidente da mineradora deixou claro que o sistema de contratos anuais dá garantia de fornecimento para as usinas. “A previsibilidade e a qualidade custam e nós vamos cobrar”, afirmou. Caso o mercado à vista prevaleça, a companhia também espera lucrar com uma recuperação do mercado porque seus concorrentes estão com a capacidade tomada e têm menos condições de atender ao mercado. Ao contrário dos últimos anos, a Vale não está à frente das negociações de preço do minério em 2009. A companhia decidiu aguardar a definição entre as mineradoras australianas e as siderúrgicas chinesas para se posicionar e, assim, tentar obter uma queda menor nos preços. A companhia informou que ainda não realizou nenhuma venda no mercado à vista, ao contrário de suas concorrentes australianas. No entanto, a Vale adotou uma política de preços mais flexível, com descontos de 20% na Ásia.
Segundo o diretor executivo de ferrosos da empresa, José Carlos Martins, esta flexibilidade está sendo desenvolvida de acordo com cada mercado. Ele informou que na Europa e no Japão esta política não foi necessária porque o problema local é de demanda e não preço. “A China é o único mercado elástico porque o minério local tem custos altos”, disse. Segundo ele, a Vale não foi a primeira a praticar descontos, mas decidiu seguir a tendência para garantir mercado e acompanhar os concorrentes. Martins destacou que as vendas feitas na China para novos clientes obedeceram aos contratos de longo prazo.
Agência Estado / Brasil Infomine