Setor mineral pode sofrer novos cortes de investimentos
23/04/09
SÃO PAULO – Os investimentos do setor mineral brasileiro poderão cair ainda mais ao longo de 2009. Depois da queda da demanda por minérios, a projeção de aportes para o período 2009-13 sofreu redução de US$ 10 bilhões, ficando em US$ 47 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Nesse sentido, na semana passada, a Vale adiou seu projeto de níquel em Onça Puma, no Pará, que estava programado para se iniciar em janeiro de 2010.”Nós tivemos adiamentos e suspensões. Alguns projetos foram simplesmente retirados”, afirmou o presidente do Ibram, Paulo Camillo Penna. A redução da projeção de investimentos aconteceu após a entidade ampliar a estimativa cinco vezes nos últimos dois anos, passando da previsão inicial de US$ 25 bilhões em janeiro de 2007 e chegando a US$ 57 bilhões, o seu nível mais alto, em julho de 2008.”Isso mostrou que o Brasil desconheceu a crise americana do subprime, mostrando que o setor continuava com uma demanda aquecida”, disse Camillo Penna. O presidente do instituto salientou que o desempenho do setor parou de cair, mas que, ainda, é muito precipitado se falar em recuperação do setor mineral brasileiro. O executivo lembrou que a média de vendas de minério de ferro, até o mês de outubro, era de 25 milhões de toneladas ao mês. Em novembro foi de 17 milhões de toneladas, e o “fundo do poço” ocorreu em dezembro, quando a marca ficou em 13 milhões.Em janeiro e fevereiro as vendas foram de 17 milhões de toneladas em cada mês. Número que chegou a 22 milhões em março. “Não acredito que o número volte a ficar em 13 milhões de toneladas, mas também não irá para 25”, disse o presidente do Ibram. “Esse será um período de altos e baixos”, concluiu.Camillo Penna salientou, que o setor mineral, ao contrário de outros setores que aguardam retomada a partir do segundo semestre, ainda não possui perspectivas sobre 2009 e qual será a retração do setor. Retomada e crescimento é aguardado no Ibram apenas em 2010. No entanto, ainda não nos mesmos níveis do observado em 2008. “Ano passado batemos recordes sobre recordes”, afirmou.PreçoA conclusão dos acordos contratuais para o preço do ferro deve, realmente, ficar para o segundo semestre do ano, segundo analistas. O anúncio da mineradora Vale de que está comercializando minério com desconto provisório de 20% ante os preços de 2008 sinaliza, ainda, que a mineradora não quer fechar o contrato agora. Os novos preços anuais passam a valer a partir de 1º de abril, mas como já se passou a data limite, o acerto será retroativo. “Ainda tenho dúvidas se vai fechar até o meio do ano. Pode ser ainda mais para frente. Ainda não há interesse de se fechar agora”, afirmou o analista da SLW Consultoria, Pedro Galdi.Segundo o analista, antes com os preços do minério subindo, as empresas adiantavam investimentos, agora a situação se inverteu e deve continuar até que o cenário esteja mais favorável para o setor. “Muita empresa vai adiar investimento, mas isso é uma coisa esperada para o momento”, afirmou Galdi.Já para o analista da Link Investimentos, Leonardo Alves, a diminuição do ritmo de investimentos será ainda maior para projetos diferentes de minério de ferro. “Mesmo que ocorra queda de 30% no preço do ferro, o minério ainda será um gerador de caixa para a Vale. Os ativos, a Vale já tem. Quando o mercado estiver melhor, ela irá investir”, afirmou Alves.Ele lembrou que a Vale manteve, com a promoção, boa relação com sua clientela. De qualquer forma, a companhia antecipou a queda natural dos preços para o ano, que já valem – de forma retroativa – desde o início do mês.
DCI