Vale: para analistas,saída de executivos não causa impacto no mercado
15/04/09
O enxugamento da estrutura administrativa da mineradora Vale, com a saída de quatro diretores, sendo dois das áreas de sustentabilidade e meio ambiente, terá pouco impacto junto ao mercado investidor, segundo analistas ouvidos pela Agência Estado.
“Neste momento de retração da economia mundial é normal tentar adequar os custos as despesas. Vivemos hoje uma nova realidade”, afirmou Pedro Galdi, da Corretora SWL. Por isso, acredita, as informações sobre a saída dos executivos – ainda não confirmada oficialmente pela mineradora – não tiveram impacto no comportamento das ações da companhia na Bovespa, que oscilaram hoje com o noticiário sobre a recuperação da demanda por minério de ferro e metais da China. A Vale ON terminou em alta de 2,59% e a PNA subiu 2,42%.
A avaliação dos especialistas é de que a Vale esteja agora promovendo uma segunda fase em seu projeto de redução de custos. A primeira etapa foi iniciada em novembro, quando a companhia anunciou cortes de produção no Brasil e no exterior e ainda a demissão de 1,3 mil trabalhadores para se ajustar a forte queda da demanda verificada no último trimestre de 2008. Entre os executivos que deixaram a empresa está Demian Fiocca, que respondia pela direção executiva de Gestão e Sustentabilidade.
Segundo fonte ouvida pela Agência Estado, Fiocca aproveitou a reestruturação na empresa para aceitar um convite para voltar ao governo. O executivo já ocupou a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A área de Fiocca será distribuída entre todos os diretores executivos da companhia, conforme a fonte. Procurada pela Agência Estado, a Vale informou que não se pronunciará sobre a questão.
Também deixaram a mineradora os diretores de Meio Ambiente, Walter Cover; de Comunicação, Olinta Cardoso; e de Recursos Humanos, Marco Dalpozzo. A intenção é que esses executivos sejam substituídos por funcionários da empresa, que passariam a acumular também essas funções. Conforme a fonte, o objetivo é deixar a empresa mais enxuta, reduzindo os custos nesse momento de instabilidade no cenário internacional, especialmente agora que se espera um corte no preço do minério de ferro. Para Eduardo Roche, da Modal Asset, a influência nos custos dessa reestruturação deverá ser pequena diante da dimensão da companhia.
Além disso, ele acredita que a saída desses profissionais ligados ao segmento de sustentabilidade e meio ambiente não deve ter impacto na imagem corporativa da mineradora. Isto porque, pondera, os profissionais podem ter deixado a Vale, mas, áreas não serão extintas e, sim, redivididas entre os outros diretores. “A importância dessas áreas não irá acabar. Não faz diferença se há um diretor específico ou não. O que importa é se esta área será cuidada”, disse Roche.
O analista, Roger Dowey, do Credit Suisse, destacou que ainda é cedo para mensurar o impacto que esse enxugamento na administração da empresa poderá ter no processo de redução de custos da empresa. Segundo ele, os investidores só terão uma avaliação maior desse processo após a divulgação dos próximos balanços financeiros da companhia, que identificam o impacto desses cortes nos resultados.
Agência Estado / Brasil Infomine