Ibram prevê redução dos investimentos no setor mineral
13/04/09
É cedo para classificar como recuperação a melhora em março das vendas de minério de ferro e dos preços de minerais, como chumbo, cobre e zinco, avalia o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Vargas Penna. ?Não dá para dizer que iniciamos uma retomada?, diz ele, em entrevista ao jornal ?Estado de Minas?. O Ibram está trabalhando junto às empresas na revisão do portfólio de investimentos do setor, que antes da crise somava US$ 57 bilhões entre 2008 e 2012. É aguardada uma sensível redução do volume de recursos e de projetos. Segundo o jornal mineiro, sinais de melhora, em março, das vendas da indústria mineral e das usinas siderúrgicas podem ser indicativo de que dois dos setores mais afetados pela crise financeira mundial em Minas Gerais podem ter passado pelo fundo do poço dos efeitos da turbulência na economia. A comercialização no mês passado de 22,1 milhões de toneladas de minério de ferro cresceram 61,3%na comparação com dezembro do ano passado, embora ainda estejam abaixo dos níveis anteriores à crise. Nas siderúrgicas, a expectativa é de crescimento dos negócios com o impulso dado às vendas de veículos pelo acordo de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Leia a seguir a entrevista. Pergunta – Passado o primeiro trimestre, o setor estaria percorrendo um caminho de recuperação? Resposta – O que dá pra dizer é que a situação parou de piorar nos últimos três meses. Nós chegamos ao fundo do poço em dezembro, sentimos uma pequena reação em janeiro e fevereiro e uma boa melhora em março, mas que não configura recuperação de fato. Um bom exemplo está nas negociações com minério de ferro. De janeiro a outubro do ano passado, a média de vendas foi de 25 milhões de toneladas por mês. Em novembro houve queda significativa de 33% e,no mês seguinte, descemos mais um pouco, para 13 milhões. Reagimos no começo deste ano, alcançando 22,1 milhões em março. Ainda não dá para dizer que iniciamos uma retomada. P – Mas a Vale informou que as vendas para a China teriam batido recorde. R – A China, que no quadro atual consome 34% do minério brasileiro, está comprando um pouco mais e a Coréia também. Ao mesmo tempo, piorou o nível das compras do Japão e da Europa. P – Essa reação foi observada para outros minerais importantes na produção brasileira? R – Só tivemos recuperação nos mercados de cobre e chumbo. Os demais continuam numa situação de preços muito ruim ainda. Quem não conheceu crise na mineração brasileira e vem batendo recordes são os agregados da construção civil (saibro, areia e brita). P – Como ficaram os investimentos da indústria mineral, estimados, antes da crise, em US$ 57 bilhões em cinco anos? R – Estamos fazendo um novo levantamento, uma revisão de números. As empresas que têm um portfólio amplo de minerais decidiram por um rearranjo de investimentos. Naquelas companhias com pretensões de investir em cobre, níquel, ferro e estanho, por exemplo, há, claramente, uma redistribuição de recursos. É certo que haverá redução dos valores já anunciados.
Pará Negócios