Dia Mundial da Água
24/03/09
O relatório da Unesco, produzido e divulgado a cada três anos, informa que cerca de 80% das doenças nas nações em desenvolvimento estão relacionadas com a água e, ainda segundo a Unesco, causarão três milhões de mortes precoces por ano. Os números também impressionam quando analisamos no documento as mortes de crianças relacionadas à diarréia, onde cinco mil crianças morrem de diarréia por dia no mundo, sendo que deste total 10% poderiam ser evitados através de melhores condições de saneamento básico. Realisticamente, o futuro de todos nós não será promissor se a população e os governantes de todas as partes do mundo não se conscientizarem sobre o uso racional da água. O relatório, que a Unesco divulgou na última semana, informa que, sem ações concretas em prol do consumo sustentável e contra o desperdício, o acesso à água potável será cada vez mais restrito e cerca de cinco bilhões de pessoas sofrerão com falta de saneamento até 2030, agravando a situação atual que já não é boa. Desta forma, nesta semana em que se comemora o Dia Mundial da Água (ocorrido no domingo), acredito que seja um momento para reflexão deste tema vital ao futuro da humanidade. Afinal, a água está diretamente ligada à vida, não só por representar a maior parte da composição de nosso corpo, mas por ser a fonte da produção de alimento, de energia, de transporte e de saúde. É um patrimônio de todos os seres vivos e o mais precioso existente em todo nosso planeta.A busca desta consciência sustentável quanto ao uso nacional de água é, portanto, pauta do momento e será do futuro no mundo, no País e em nosso Estado. Com ações de destaque no Rio de Janeiro, estamos intensificando o combate às ligações clandestinas de água. Neste contexto, a Cedae vem realizando, desde o início de 2007, diversas operações para combater essas ligações irregulares, conhecidas como “gatos”, e os números são expressivos. Em dois anos foram cerca de 5 mil operações.A Cedae também está investindo na conscientização da população do Estado do Rio de Janeiro quanto ao consumo racional de água. Estamos realizando campanhas informativas no Maracanã, no Sambódromo e em eventos esportivos como maratonas e diversas palestras em escolas e universidades. Além disso, inauguramos recentemente o Centro de Visitação Ambiental de Alegria, no Caju, onde futuramente os estudantes e pesquisadores poderão ter acesso a informações sobre a produção de água em nosso estado, seu tratamento e também medidas de uso racional. Também estamos investindo fortemente em operações de manutenção preventiva e corretiva de vazamentos de água nas redes da Cedae evitando as chamadas perdas técnicas. Com base nestes dados e visando garantir a produção futura de água potável, a Cedae também está realizando, desde janeiro de 2007, o replantio das matas ciliares dos rios que servem como mananciais para nossas estações de tratamento de água. Destaco que este projeto específico também é um projeto de cunho social. Afinal, estamos utilizando a mão-de-obra de internos do regime semi-aberto do sistema penitenciário, que recebem um curso de formação de Agentes de Reflorestamento Ambiental, onde aprendem uma profissão voltada a sustentabilidade ambiental.Mesmo em uma situação privilegiada de abastecimento em nosso Estado em relação a outras localidades temos, porém, que refletir e ter consciência que de toda água existente no planeta, menos de 1% é de água doce própria para tratamento e consumo do ser humano, destas, cerca de 14% estão no Brasil que contém a maior reserva de água doce do mundo. A Água que vem dos nossos rios, que brota de nosso subsolo que se guarda nas geleiras e a que nos lava em nossas abençoadas chuvas, têm que ser preservada. A poluição que acaba com nossos rios e lagoas e o desmatamento, mais do que uma agressão, consistem em uma pesada sentença de morte para a humanidade.Refazer os hábitos que levam o desperdício não é uma “obrigação do outro”, mas sim de cada um. Mudar a cultura de que água é um recurso infinito é uma questão de sobrevivência. Reciclar o seu uso será o tema do futuro. Preservar, portanto a água, mais do que uma prática é uma ação obrigatória para própria continuidade da existência da espécie humana.
Jornal do Commercio Brasil – RJ