Vale propõe trocar salário por emprego
23/01/09
RENATO FONSECAREPÓRTERA Companhia Vale do Rio Doce apresentou ontem a sindicatos de mineiros de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul uma proposta de concessão de licença remunerada com 50% do salário-base e garantia de empregos até 31 de maio deste ano. A medida só será aplicada, conforme a empresa, aos profissionais ligados aos sindicatos que aceitarem a proposta. Atualmente, a Vale tem 19 mil empregados em Minas e 350 no Mato Grosso do Sul. A companhia não informou quantos funcionários devem sair de licença, já que isso dependerá das negociações. Sindicatos mineiros anteciparam que são contrários à proposta e prometem novos atos públicos contra a empresa. Ontem, a Vale fechou um contrato de R$ 398,6 milhões com estaleiros nacionais para a compra de 49 embarcações.Além da licença remunerada com 50% do salário-base, o acordo proposto prevê manutenção integral de todos os benefícios do Acordo Coletivo de Trabalho 2007/2009, como assistência médica e previdência complementar. O empregado também será informado com 15 dias de antecedência sobre o início da licença e, dependendo da necessidade, a mesma poderá ser cancelada com um comunicado enviado 15 dias antes. Segundo o Diretor Global de Recursos Humanos e Desenvolvimento Organizacional da Vale, Marco Dalpozzo, a empresa está otimista em relação à adesão dos trabalhadores. Questionado sobre qual será a posição da Vale, caso a proposta não seja aceita pelos sindicatos, Dalpozzo garantiu que o plano da Vale não é fazer demissões em massa. ?Estamos tentando negociar, e é isso que ainda faremos. Temos nos encontrado todos os dias com os sindicatos. A Vale tem feito um grande esforço para manter o nível de empregos e preservar os trabalhadores?, disse. Após o prazo previsto na proposta de conceder as licenças até 31 de maio, o Diretor Global disse que ?a empresa não tem uma visão clara sobre o cenário do mercado nos próximos meses?. Ainda segundo ele, parte dos 5.500 funcionários que entraram em férias coletivas no ano passado estão voltando gradualmente ao trabalho.Os sindicatos Metabase de Congonhas, Ouro Preto e Região e também de Itabira não concordam com a proposta. De acordo com Paulo Soares, presidente do Metabase Itabira, a redução no salário é inaceitável. As palavras de Soares são amparadas por Valério Santos, presidente do Metabase Congonhas. ?Está na hora da Vale cumprir o papel social que ela tanto fala que tem, e não será desta forma, diminuindo em 50% o salário do trabalhador?.
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