Projeções para 2009 desafiam analistas
09/01/09
Além de afinarem as expectativas para os balanços do quarto trimestre de 2008, os analistas já começaram a encarar a difícil tarefa de traçar as projeções para este ano. A dificuldade maior é saber a intensidade e a duração dos reflexos da crise ao longo do exercício. “Qualquer coisa agora pode ser um chute. Ainda está muito difícil “, destacou Eduardo Roche, especialista do Modal.
Tudo o que se sabe é que o começo não é bom. Jorge Ferreira Braga, coordenador técnico da sondagem industrial da FGV, afirmou que as indicações para os dados de estoques não são boas. Segundo ele, esse cenário ainda deve durar um tempo. Fontes do governo, conforme relatou o Valor, acreditam em cinco meses ainda para queima dos estoques.
Os dados das companhias para 2009 confirmam o sentimento de que é o fim do ritmo de escalada dos resultados. A Perdigão, por exemplo, anunciou que cortará em 20% a produção de aves destinadas à exportação no primeiro trimestre deste ano, para ajustar seu patamar de estoque. A analista da Brascan Corretora Denise Messer reduziu em 2,6% a expectativa de faturamento da companhia para este ano, de R$ 13,2 bilhões para R$ 12,8 bilhões. A projeção de lucro foi cortada em 24,3%, para R$ 492 milhões.
A Sadia também já vinha fazendo paradas técnicas nas unidades, desde o fim de 2008, previstas para durar até o começo de 2009. O presidente do conselho da empresa, Luiz Fernando Furlan, disse que até 20% dos cerca de 60 mil funcionários da empresa poderiam ser afetados por essa estratégia.
A Iochpe-Maxion informou que sua carteira de pedidos para 2009 é de 449 vagões ferroviários, comparada a encomendas de 4,6 mil unidades para o ano passado. A companhia disse que está “ajustando seu quadro de funcionários à demanda dos próximos meses.” Procurada, a empresa preferiu não comentar o assunto enquanto não divulgar o balanço de 2008.
Catarina Pedrosa, do Banif, afirmou que ainda não há como prever quando haverá melhora no ambiente. Mas acredita que as companhias foram mais ágeis, comparado a outras crises, nas iniciativas de controle de custos.
Edmo Chagas, do UBS Pactual, cortou em 24% a estimativa de receita líquida para a Vale do Rio Doce em 2009, de US$ 34 bilhões para US$ 25,9 bilhões. A redução combina menor preço de minério e 10% menos embarque – uma diminuição de 17% na estimativa original do analista.
O cenário de menor atividade para 2009 também leva os especialistas a acreditar em menor investimento, inclusive por força do ambiente de maior restrição de crédito. Denise, da Brascan, ajustou a estimativa de investimento da Perdigão neste ano de R$ 960 milhões para R$ 740 milhões.
A MMX anunciou o adiamento, por tempo indeterminado, de investimentos de US$ 200 milhões na Usina de Tarugos. (GV e SF)
Valor Econômico