Cobre deve ter mesmo peso do zinco na Nexa em 10 anos
03/05/18
Atualmente, grande produtora de zinco, a Nexa Resources quer aumentar a importância do cobre dentro de sua operação. Em entrevista ao Valor, Tito Martins, presidente da companhia, disse que no longo prazo, em um período de dez anos, por exemplo, é possível que os dois metais tenham a mesma relevância na geração de caixa. Hoje, o zinco atende por cerca de 65% da geração de caixa da companhia, ex Votorantim Metais. De 25% a 30% está com o cobre. No futuro, em aproximadamente dez anos, a proporção deve se igualar, contou o executivo.
Por isso, se aparecer um grande projeto para se adquirir ou tocar com um sócio, especialmente em cobre, a empresa vai avaliar atentamente. “Nós sempre olhamos, mas não tem nada relevante hoje”, disse Martins. “Se aparecer algo interessante e comparável com o que temos na casa hoje, em termos de retorno, podemos passar na frente em nosso ‘pipeline’ [uma espécie de fila] de projetos.”
O presidente da Nexa explicou que a demanda interna para seus clientes no Brasil parece, de fato, melhorar com a evolução da economia. Não só grandes siderúrgicas, que usam seu zinco para galvanizar o aço vendido principalmente a montadoras, mas também pequenas metalúrgicas estão se beneficiando do momento, afirmou. “Nossos principais clientes do Brasil souberam se comportar de forma bastante eficiente durante a crise, exportando. Por isso sentimos menos esse impacto”, declarou Martins. “Agora, o mercado parece ter voltado um pouco até para as menores empresas. Esperamos crescimento de 1% a 2% na economia, mesmo com as incertezas quanto à eleição.”
De acordo com o executivo, a seção 232 dos Estados Unidos foi motivo de preocupação para a empresa, já que a siderurgia é o principal comprador de seu zinco. “Mas chegamos à conclusão de que muito provavelmente o consumo seria substituído, somente”, disse. “Seja EUA, Brasil ou Europa, precisariam do nosso produto.”
Na entrevista, Martins também revelou que o mercado internacional de zinco tem falta do metal hoje. O déficit, diz, pode se sustentar até o ano que vem, na visão dos analistas, o que mostra tendência de “no mínimo” estabilidade nos preços. Para a cotação do cobre, acrescentou, também há uma perspectiva semelhante. A Nexa, que acabou de conquistar a licença prévia para o projeto de Aripuanã (MT), quer cada vez mais utilizar alternativas secas para o depósito de rejeitos da mineração. Nesse caso, decidiu por fazer o empilhamento a seco. “Essa é a tendência, cada vez maior, por segurança e economia de água”, declarou Martins.
Ontem, a empresa informou que teve lucro líquido de US$ 55,1 milhões no primeiro trimestre – maior 12,2% – em base anual de comparação. A receita líquida subiu 23,1%, a US$ 676,2 milhões.
Valor Econômico