Saída é atuar de forma integrada
28/10/16
A inovação é a chave para a viabilização econômica da mineração em um cenário mundial de desvalorização das matériasprimas minerais. Para os integrantes do seminário The Kellog Innovation Network, realizado durante o 24° Congresso Mundial de Mineração, a indústria aperfeiçoou muito suas atividades, mas nem todo o progresso é suficiente para atender a sociedade. A Kellogg Innovation Network (KIN) é uma rede mundial que desde 2003 reúne líderes de negócios com foco na inovação em encontro periódicos para debater os desafios do setor. “A questão ambiental é importante, mas não é tudo. O desenvolvimento da comunidade é importante, mas não é tudo. Precisamos intervenções integradas e resultados econômicos de desenvolvimento”, diz Jon Samuel, chefe do grupo governamental e desempenho social da Anglo American. “É preciso substituir a palavra extração por desenvolvimento”, afirma Kulvir Singh Gill, diretor da e colaborador da Kellogg Inovation. A preocupação dos especialistas se justifica. Muitas comunidades ainda defendem o fechamento de minas por causa dos impactos sociais e ambientais. Projetos estão parados não por desafios técnicos, mas por questões de sustentabilidade. A segurança deixou de ser um problema secundário para se tornar objetivo estratégico na mineração. “É preciso ser obcecado com o meio ambiente”, diz Kulvir Singh Gill, da Clareo Partners. Para ambientalistas e gestores de projetos sustentáveis, a inovação pode dar respostas capazes de equalizar necessidades econômicas da indústria, demandas sociais das comunidades locais e preocupações ecológicas da comunidade preservacionista. “No futuro, veremos mudanças tecnológicas que permitirão às mineradoras ter participação mais estruturada nas comunidades nos projetos”, diz Juan Eduardo Balmaceda, gestor no Peru da Hatch Serviços Ambientais. “O setor privado, principalmente de mineração, precisa estar inserido na estratégia de visão integrada, mitigação dos impactos e desenvolvimento de projetos”, diz Antonio Werneck, diretor-executivo no Brasil da The Nature Conservancy Brazil (TNC), organização de conservação ambiental com presença em 35 países. “Nas regiões com minas observamos governos frágeis e baixo nível de capital social, mas o principal problema é a dificuldade na coordenação do combate à pobreza e na promoção do desenvolvimento econômico. Buscamos qualificar os governos e organizamos consórcios de municípios para otimizar recursos”, afirma Sergio Andrade, diretor¬executivo da Agenda Pública, organização não-governamental que dá suporte a gestores públicos e empresas.Os desafios da mineração também pautam as decisões dos investidores. O caminho proposto por um representante de grandes financiadores é que a indústria encontre seu papel cidadão. “Somos vigilantes sobretudo em onde não vamos investir. Deve haver comprometimento com os recursos naturais e com os direitos humanos nas comunidades em que há atuação da indústria da mineração”, diz o reverendo Séamus Finn, diretor da OIP Investment Trust, um fundo de investimento de 200 organizações católicas romanas localizadas em mais de 55 países.
Valor Econômico