Tecnologia digital pode duplicar o lucro
28/10/16
As mineradoras podem aumentar em 20% sua produtividade no curto prazo e dobrar seu Ebitda nos próximos dez anos com o uso intensivo de tecnologias digitais em seus processos produtivos, segundo levantamento da consultoria Accenture. A queda no preço dessas tecnologias e a redução no tempo de implantação podem representar um salto para indústria mineradora. Um robô simples, que custava US$ 500 mil há alguns anos, hoje vale US$ 500. O armazenamento de 1GB de dados, que custava US$ 24 mil, hoje sai por menos de um centavo de dólar. “Muitas empresas de mineração acham que o investimento vai ser grande e levará muito tempo, mas isso não é mais verdade”, diz Rachel Bartels, diretora-gerente global da Accenture UK para química e recursos naturais. “Acompanhamos a otimização digital de uma mina na Austrália que custou menos de US$ 500 mil, ficou pronta em quatro semanas e aumentou a produtividade em 6%.” O primeiro grande impacto ocorre por meio de sistemas que permitem conectar trabalhadores ¬ ou máquinas ¬ em campo com os centros de controle das minas. Isso permite gerar grande volume de dados que pode servir para melhorar a tomada de decisões e aumentar a segurança de trabalho. A conexão permite saber exatamente a localização do trabalhador ou da máquina, e aumenta a velocidade de resposta em caso de emergência. O levantamento da Accenture, em parceria com o World Economic Forum indica que a adoção em massa de tecnologias digitais e de automação poderia salvar cerca de 700 vidas e evitar que 36 mil trabalhadores sejam feridos em acidentes. As conexões também podem monitorar a fadiga dos operários ou pontos de ineficiência ou mau funcionamento, sugerindo correções. Para termos uma ideia do potencial de geração de dados para análise na mineração, uma operação de varejo gera em média 0,1 TB em uma hora. Um caminhão conectado gera 1TB por hora. “Multiplique isso pelo número de horas de operação e pelo número de veículos na frota de uma mina para perceber as implicações só na área de transportes”, afirma Bartels. A rápida evolução dos sistemas de inteligência artificial e análise de dados permitem um aproveitamento muito maior das informações geradas na operação. Hoje, Bartels estima que as mineradoras não aproveitem 10% dos dados produzidos em suas minas. A inteligência artificial e o big data podem ter grande impacto também nas atividades de exploração. Não apenas porque facilitam a descoberta de padrões antes ocultos e que podem levar à descoberta de jazidas, mas também porque permitem analisar informações não estruturadas, ou seja, não classificadas para consulta em bancos de dados. “Às vezes são informações anedóticas, como um morador do local que diz que observou uma cor diferente no solo, por exemplo”, diz Bartels. Os sistemas inteligentes também aumentam a possibilidade de crowdsourcing na mineração, uma prática ainda pouco comum.Já as tecnologias de impressão 3D terão um impacto indireto, mas que pode representar grande oportunidade para as mineradoras. “Quem vai conseguir desenvolver um cartucho de impressão 3D carregado com minérios?”, pergunta Bartels.
Valor Econômico