Pesquisadores do ITV de Belém realizam pesquisa de restauração ecológica
22/11/16
O Instituto Tecnológico Vale (ITV) de Belém (PA) está desenvolvendo um estudo pioneiro de restauração ecológica de canga. Analisando 118 espécies nativas, os pesquisadores as dividiram em três classes de atributos: facilidade de manejo; distribuição geográfica; e interação com fauna e outros serviços ecossistêmicos. Para essas três classes, foram considerados 10 critérios. “Nossa intenção era chegar a uma lista de espécies de fácil reprodução, tanto no campo quanto em viveiros, e que representassem uma mostra significativa da biodiversidade da canga”, explica a ecóloga Tereza Gianini, pesquisadora do ITV.
No critério de manejo, os pesquisadores avaliaram a capacidade de produção de sementes das plantas e se eram espécies “facilitadoras”, ou seja, aquelas que ajudam na germinação de outras plantas. Eles investigaram também a capacidade da semente de se dispersar pelo vento, o que dá à espécie uma alta capacidade reprodutiva. Na distribuição geográfica, a equipe do ITV observou se a planta era rara ou se pertencia à lista da flora brasileira ameaçada de extinção, do Ministério do Meio Ambiente. “Observamos ainda se a espécie ocorria em mais de um corpo de canga, o que mostraria a sua capacidade de adaptabilidade”, explica Tereza.
No campo da interação com a fauna, os pesquisadores consideraram quatro critérios: a capacidade de fornecer alimento (pólen e néctar) para animais polinizadores; se as sementes ou frutos serviam como alimento para a fauna; se tinham uso medicinal, alimentar ou econômico para a população local; e se eram consideradas “espécies-bandeira”, muito características do ecossistema da canga, como a Flor de Carajás.
Cada espécie foi classificada de acordo com o número total de critérios que apresentaram, gerando uma lista de 53 espécies com maior número de atributos. Segundo Tereza, o próximo passo da pesquisa será avaliar, em laboratório, a capacidade de reprodução dessas espécies. Os pesquisadores estão investigando a capacidade das plantas de se reproduzirem não apenas em solo com alto teor de ferro, como o da canga, mas também naqueles onde não há a presença do mineral.
“Queremos saber se conseguimos restaurar a vegetação da canga em locais onde já ocorreu o processo de mineração, ou seja, onde não há mais minério”, diz. Pelo seu ineditismo, o estudo do ITV foi selecionado para ser publicado na Austral Ecology, revista australiana que é referência na área de ecologia.
;
Vale