BNDES diz que há recursos para financiar projetos minerais
19/09/17
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem recursos para financiar empreendimentos minerais, desde que se mostrem competitivos, sustentáveis, contemplem inovações e prevejam comunicação ágil e transparente desses componentes à sociedade, afirmou a Diretora da Área de Acompanhamento do Mercado de Capitais e da Área de Investimento no Mercado de Capitais do banco, Eliane Aleixo Lustosa de Andrade. Ela participou de um talk show no primeiro dia da EXPOSIBRAM 2017, um dos maiores eventos de mineração da América Latina.
Eliane Andrade disse que o BNDES ainda não prevê aceitar títulos de direito minerário como garantias reais nos financiamentos. Ela informou que o banco pretende enfrentar “o desafio de transformar este instrumento” em algo viável para facilitar a liberação de financiamentos. “Não dá para primeiro financiar e só depois discutir como vai executar a garantia”, ponderou.
Mineradoras alegam que já investem em inovação e sustentabilidade
Em resposta às condicionantes para obtenção de financiamentos junto ao BNDES, executivos de grandes mineradoras informaram que suas companhias já investem em inovação e em sustentabilidade. Eles dividiram o palco com Eliane, do BNDES durantetalk-show.
Otávio Carvalheira, CEO da Alcoa, disse que no seu projeto em Juriti (PA) conseguiu atingir redução de 25% de consumo de água, usando tecnologia, criatividade e a inovação desenvolvidas no país. “Aquela operação trabalha com 83,5% de recuperação da água que é captada no local do projeto”, citou. “Este é um exemplo de inovação conectada com a sustentabilidade”, completou.
Além disso, a mina em Juruti envolve todos os stakeholders (públicos de interesse) do empreendimento desde a concepção do projeto da mina. Este envolvimento e proximidade com a comunidade possibilitou que em Juruti a mina, inicialmente projetada para produzir 2,6 milhões de toneladas de bauxita, pudesse fechar este ano com a produção de 6,5 milhões de toneladas. “Vamos agora ampliar para 7,5 milhões de toneladas. Isso em completa harmonia com a comunidade”, afirmou o CEO da Alcoa.
O diretor executivo e consultor geral da Vale – e também presidente do Conselho Diretor do IBRAM –, Clovis Torres Junior, citou o exemplo do projeto S11D, no Pará.
“Ele tem 87km de correias transportadoras para não se usar caminhões – isso reduz a poluição, a emissão de carbono, a utilização de diesel e permite reutilizar 85% da água, via processamento a seco de minérios”, disse.
Em termos de inovação, Clovis mencionou o projeto-piloto de utilização de caminhões (com capacidade de 400 toneladas de carga) sem condutor humano nas minas; os veículos são controlados via satélite de uma central em Belo Horizonte (MG).
“O investimento das empresas mineradoras em inovação é muito grande; acompanho isso por meio do IBRAM, mas falta mais comunicação, ou seja, expor mais ao público o que fazemos”, afirmou.
Ele acrescentou que a Vale tem contrato de fornecimento de praticamente todo o níquel utilizado pela companhia Tesla, ícone do desenvolvimento de tecnologia para energia limpa. “A mineração faz parte desta cadeia produtiva da energia limpa”, disse.
Segundo Tito Martins, CEO da Votorantim Metais, a companhia investe em projetos que evidenciem a sustentabilidade, como os que reduzem a utilização de recursos hídricos no processamento de minérios. “No caso de barragens, por exemplo, desenvolvemos tecnologia para barragens a seco no Peru a décadas”, disse. Ele informou que o mesmo recurso poderá ser utilizado no Brasil.